“A felicidade não chega por nos sentarmos e esperarmos por ela” escreveu B-P. A felicidade chega quando nos atrevemos a transformar os nossos sonhos em realidade.
A primeira vez que tive contacto com a componente internacional do Escutismo foi em 2019 ao participar na Portuguese Work Party em Kandersteg. Lá, descobri que o este Centro Escutista Mundial era mantido em funcionamento por escuteiros que dedicavam alguns meses das suas vidas àquele centro e depois partiam para novas aventuras com a certeza de que ali haviam deixado a sua marca. Durante os anos que se seguiram ansiei pelo momento de poder ser também eu uma Pinkie, uma voluntária no KISC – Kandersteg International Scout Centre. Os anos foram passando, terminei o mestrado, comecei a trabalhar e o momento certo nunca aparecia. Não aparecia porque os momentos certos não existem. Somos nós que definimos se o momento é certo ou não quando tomamos uma decisão. Em setembro 2024 resolvi candidatar-me para fazer voluntariado no KISC, mas como os candidatos abundam, não fui selecionada. No entanto, perguntaram-me se teria interesse em candidatar-me para um centro escutista na Irlanda que dava agora os primeiros passos na receção de voluntários internacionais e, sem pensar duas vezes, candidatei-me.
Como companheiros de aventura tive 4 escuteiros, vindos de Espanha, França, Países Baixos e Finlândia prontos a servir este centro escutista desconhecido.
Ao longo dos três meses recebemos formação em três áreas: House & Catering, Campsite e Programme. Pudemos experienciar o que é trabalhar numa cozinha industrial alimentando mais de 100 escuteiros; garantir a limpeza de dois alojamentos com capacidade para mais de 30 pessoas; gerir as entradas e saídas dos agrupamentos em campo, durante os fins de semana; participar em fogos de conselho locais; receber formação e dar aulas de arco e flecha, arborismo e escalada, explorar as montanhas Irlandesas e as histórias que guardam sobre vikings, reis, rebeldes e guerras civis, acompanhando jovens provenientes de escolas na realização de hikes ensinando-lhes a orientar um mapa.
Durante 90 dias partilhei casa com irmãos de outras associações escutistas, provámos receitas típicas dos nossos 5 países, aprendemos a importância de ter tempo para nós próprios. Visitámos Dublin de norte a sul e aprendemos que Éire é o nome deste país em Gaelic (conjunto de línguas celtas onde se inclui o Irlandês). Juntos compreendemos o que B-P. queria dizer: “Existem diferenças de pensar e sentir entre os povos do mundo,” mas “se exercitarmos a tolerância mútua e o hábito de fazermos concessões recíprocas, então haverá compreensão e harmonia”.
Cheguei a este campo escutista movida pelo sonho de servir um outro campo, num país diferente. “«Um sonho utópico» diriam alguns «mas não passa de um sonho, por isso nem vale a pena tentar». O resultado foi diferente do que eu idealizara, mas se não tivesse corrido atrás do meu sonho, nunca haveria resultado algum. Como disse B-P., “Mas se, ao sonharmos nunca estendêssemos as mãos para agarrar a substância dos nossos sonhos, jamais conseguiríamos progredir”. E vocês? Que sonhos têm guardados?
Vivenciar o escutismo noutro país é uma experiência transformadora! Se tens algum tempo para disponibilizar, Larch Hill está à tua espera!