Flor de Lis (FL): Como surgiu o Escutismo na tua vida e onde foste escuteira?
Sofia Escobar (SE): O Escutismo surgiu na minha vida muito cedo, em Pencelo, Guimarães, um bocadinho por influência de amigos e vizinhos que [me diziam] «divertimo-nos tanto [nos escuteiros], é tão bom». Tanto chateei os meus pais que foi uma coisa natural eu também entrar.
FL: Que momentos guardas desses tempos?
SE: Tenho memórias mesmo muito boas. Primeiro, das ligações que se criam entre as pessoas, do respeito, da ligação à Natureza, das coisas que se aprendem, muito úteis; acho que até hoje sei fazer nós (risos). Mas [lembro-me] especialmente da amizade, das experiências que eram a aventura de ir acampar com os meus amigos todos.
FL: Queres contar-nos sobre algum desses momentos?
SE: Eu acho que a memória que tenho mais vívida foi do primeiro acampamento que eu fiz com o grupo de escuteiros de Penselo. Foi mesmo viver uma aventura, estar tão ligada à Natureza, cozinhar na Natureza. E depois [marcou-me] todo o respeito que existe e faz parte de ser escuteiro, como a limpeza do espaço, deixar tudo impecável e o respeito pelos animais. Foram coisas que tiveram um impacto muito forte em mim na altura e que ficam para sempre.
FL: Para a tua vida profissional, o que achas que o Escutismo te trouxe?
SE: Muito disto que já disse acaba por se aplicar em todas as áreas da nossa vida. Há valores que os escuteiros têm que se mantêm connosco para sempre: o valor da amizade, o valor do respeito, o valor de querer ajudar o outro. [Ficam] para sempre essas coisas presentes na minha vida pessoal e profissional também.
FL: Achas que despertaste o “querer” ser atriz e cantora nos fogos de conselho?
SE: (risos) Poderia ser! Honestamente, não sei identificar os pontos na minha vida em que [posso dizer] «Ah! Foi aqui que cresceu», porque sinto que foi parte de mim desde sempre. Mas é óbvio que nós somos muito moldados por todas as experiências que temos, e a minha passagem pelos escuteiros faz parte da minha história e vai fazer sempre. Eu gostava de pôr o meu filho também nos escuteiros, mas nós em Madrid ainda não conseguimos (risos). Quem sabe, um dia conseguirei. Acho que são experiências espetaculares para [as crianças]. Eu cresci muito mais ligada à Natureza do que o meu filho está a crescer, então gostava de o puxar para esse lado.
FL: Que mensagem queres deixar ao CNE, que acabou de comemorar 100 anos?
SE: É uma data extremamente importante. A mensagem que gostava de deixar é que continuem com o excelente trabalho que têm feito até agora a criar memórias em várias gerações, e que esse trabalho continue a evoluir, sempre por este caminho tão bonito que tem sido feito.
FL: Se pudesses, gostavas de voltar a ser escuteira ativa?
SE: Olha que gostava, não digo que não. Infelizmente, a vida tem-me empurrado para trabalhos que o tornam mais complicado, mas gostava muito, mesmo, de estar numa posição diferente que me possibilitasse voltar aos escuteiros e poder estar a transmitir esse amor e conhecimento a outras gerações.