O fim de semana tem sido de grande trabalho, partilha e aprendizagens para os mais de 600 Dirigentes que aceitaram o desafio de vir “jogar” ao UNO 2.0 24. Os workshops dinamizados durante a tarde de ontem, com a duração de 60 ou 120 minutos, estavam divididos entre as áreas da Sustentabilidade, Inclusão, Pedagogia da Fé, Técnica Escutista, Método Escutista e Secções.
Os assuntos foram os mais variados. Na área da saúde mental e da inclusão, falou-se de temas como o Autismo e a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção. Mística e Simbologia, Pedagogia da Fé, Método de Projeto, Progressão Pessoal e Sistema de Patrulhas estiveram também na ordem do dia. Das habituais dinâmicas de técnica escutista à inclusão de pessoas com deficiência, esta 2ª edição velou-se pela diversidade de oferta formativa.
Mónica Gomes, a facilitadora do workshop de Língua Gestual Portuguesa (LGP), trouxe aos Dirigentes a sua história pessoal com uma característica particular: não nasceu surda. Aos 20 anos, adormeceu com auscultadores colocados nos ouvidos, ligados a um telemóvel conectado à corrente. Um curto-circuito levou a que os auscultadores se incendiassem, provocando a perda da audição. Hoje, é licenciada em Língua Gestual Portuguesa e dá aulas a crianças com necessidades especiais, além de dinamizar gratuitamente workshops de LGP. A dinâmica que trouxe ao UNO 2.0 24 foi muito bem recebida pelos participantes. Contou a facilitadora à Flor de Lis que os Dirigentes participaram com muito entusiasmo na dinâmica, «ficaram com muitas dúvidas, eles queriam saber mais e mais porque foi pouco tempo». «Fiz várias atividades com os Dirigentes, desde aprender o alfabeto lúdico, os meses, os dias da semana e porque surgiram, até ao gesto dos escuteiros. Como se diz Caminheiro, Pioneiro, Explorador, Lobito, para eles aprenderem como se diz em Língua Gestual porque não há nada na Internet a divulgar os gestos para os escuteiros», explicou Mónica Gomes. O objetivo era simples: auxiliar os Dirigentes a estabelecer pontes com a comunidade surda. Além de ter sido muito bem recebido, o workshop surtiu, para Mónica, o efeito desejado: «Ainda agora tive um Dirigente a dizer que tem um amigo surdo e já sabe dizer “está tudo bem?” e o nome. E vamos fazer videochamada amanhã e segunda-feira de manhã para ele interagir mais e ganhar mais empatia com este amigo. Ele diz que [o amigo] está sempre isolado e é uma forma de se conseguir interagir e criar pontes.»
Além da diversidade de oportunidades formativas e novas aprendizagens, os facilitadores procuraram dinamizar os conteúdos de maneira lúdica e envolvente. Disse-nos Pedro Gonçalves, do Departamento Nacional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (DNODS), que «apesar de serem Dirigentes, toda a gente gosta de um bom imaginário, de viver as coisas e aprender as informações de uma forma dinâmica – não é por acaso que somos escuteiros!» Foi nesse sentido que o DONDS desenvolveu o workshop “Viajámos até 2500 e agora?”. Os três facilitadores apresentaram-se aos participantes vestidos de fato-macaco, ao rigor da moda futurista, e viajaram com os Dirigentes até ao ano de 2500, para identificar os seus problemas e propôr soluções. Como nos contou Pedro Gonçalves, «a ideia do workshop nasceu principalmente da nossa vontade de anunciar a insígnia do Compromisso 2030 (…) de uma forma prática». Mais adiantou que «a receção foi muito positiva. Primeiro, foi muito divertido e acho que mostrou aos Dirigentes que é possível trabalhar a área da sustentabilidade de uma forma não formal e é possível aplicá-la a vários imaginários».
Atividade com grande adesão, os “repetentes” da 1ª edição de 2022 falam na diversidade da oferta como um ponto de sucesso que os fez regressar. Flávia Gomes, do Agr. 10 Cedofeita, voltou ao UNO à procura de novas ideias para implementar na sua unidade, destacando a maior preocupação desta edição sobre a saúde mental e inclusão. Neste sentido, o workshop “Saúde Mental: Dinâmicas para Crianças e Jovens” foi, para esta Dirigente da III Secção, o que mais a interessou, pois puderam «olhar para as secções e procurar dinâmicas onde possamos falar sobre empatia, dificuldades, memórias, onde podemos criar um espaço seguro para eles exteriorizarem aquilo que sentem.»
Para o Dirigente Nuno Nunes, do Agr. 1330 São Brás de Alportel, o workshop das Especialidades foi elucidativo para compreender o sistema e levá-lo para o seu agrupamento: «Não sabia, e afinal até é fácil – muito fácil – e dá para tentar implementar». Já o Dirigente Rui Morais, do Agr. 319 Santa Joana, destacou positivamente o workshop da Pedagogia da Fé, pois trouxe «mensagens muito fortes, que abanam», capazes de fazer os participantes sair da «nossa bolha», e o workshop do projeto “Segura-te”, «que deu uma boa discussão». Acima de tudo, para este animador da IV Secção, as formações do UNO trazem mais aos participantes do que os conteúdos que apresentam: «[O workshop] não é só a apresentação dos formadores, que trazem alguma informação, mas também é a partilha, […] é falar da realidade que nós temos. A realidade de Santa Joana não é a mesma realidade de Lisboa. Eu acho que é muito importante não vivermos numa formação formal, de PowerPoint. Aqui recebemos, percebemos também os problemas dos outros e há esta partilha de informação que eu acho que é a mais valia do UNO.»
O UNO 2.0 24 termina hoje, 10 de novembro, com a promessa de que os Dirigentes regressem aos seus agrupamentos munidos de novas ferramentas pedagógicas para enriquecer a vivência das suas unidades.