UNO 2.0 24 reuniu mais de 700 Dirigentes em Abrantes

Terminou ontem o UNO 2.0 24, uma atividade de formação para Dirigentes que decorreu entre 9 e 10 de novembro. O encontro nacional de equipas de animação reuniu 716 participantes em Abrantes.

A Escola Secundária Dr. Solano de Abreu e a Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes, em Abrantes, foram palco da 2ª edição do UNO, uma atividade de formação para Dirigentes que prometeu munir as equipas de animação de novas competências educativas para trabalhar nas suas unidades. Sofia Alves, a Chefe Regional de Portalegre-Castelo Branco, referiu que foi uma «grande responsabilidade, mas também um desafio» receber o UNO 2.0 24 na sua região, que não teria sido possível «sem o apoio da autarquia (…) e as escolas que acolheram as atividades». Em declarações à Flor de Lis, o Secretário Nacional Pedagógico Rui António sublinhou também a ajuda indispensável dos agrupamentos da zona de Abrantes – 172 Abrantes, 273 Tramagal, 697 Rossio ao Sul do Tejo e 1093 Chainça – no apoio logístico da atividade, «garantindo a existência de locais de pernoita para os participantes».

Apresentada pelos escuteiros Inês Rodrigues e Tomás Sousa, a cerimónia de abertura começou com a oração presidida pelo Assistente Nacional Pe. Daniel Nascimento, pedindo «que este UNO nos lembre da unidade de fé que vivemos». Em seguida, a Vereadora da Educação da Câmara Municipal de Abrantes Celeste Simão tomou a palavra, parabenizando a iniciativa do CNE para abordar «questões como a inclusão, saúde mental, sustentabilidade e envolvimento de jovens.» Frisou ainda que «nos dias em que vivemos, com tudo o que se passa à nossa volta, em todo mundo, são temas demasiado importantes e que nós não devemos ter medo de os encarar, de os debater e de refletir sobre eles.» 

A Chefe Regional de Portalegre-Castelo Branco Sofia Alves sublinhou na sua intervenção que o UNO é «uma oportunidade preciosa para refletirmos sobre o papel das equipas de animação no crescimento e desenvolvimento dos nossos miúdos. O nosso trabalho, mais do que uma simples função, é uma missão. Tem como propósito o bem estar, a educação e o envolvimento dos nossos jovens na construção de um mundo melhor». Em conversa com a Flor de Lis, Sofia referiu que «estas atividades deveriam ser mais frequentes porque permitem a partilha de experiências, do tipo de escutismo que se faz. Nós somos 20 regiões e somos muito diferentes.»

No seu discurso de abertura, o Chefe Nacional Ivo Faria relembrou que a transformação do nosso Movimento começa localmente: «Temos de levar para os nossos agrupamentos aquilo que queremos fazer já a partir de amanhã, na segunda-feira, na próxima semana, dentro das nossas possibilidades. Isso também é transformar os nossos agrupamentos e transformar o CNE.» 

Para fechar a cerimónia, o Secretário Nacional Pedagógico Rui António referiu que esta edição do UNO tem «um foco especial no trabalho em secção» e lembrou as “regras do jogo” que os participantes viveram durante este fim de semana.

Ainda no período da manhã decorreram cinco plenários, tendo inaugurado a sessão as escuteiras Catarina Pinto e Beatriz Pereira com uma apresentação das conclusões da 43º Conferência Mundial do Escutismo. Em seguida, João Armando, Chief Education and Development Officer no World Scout Bureau, falou-nos das Megatendências Globais e a forma como impactam o escutismo. O Comissário Internacional da Associação dos Escoteiros de Portugal José Pamplona partilhou os desafios e objetivos futuros da nossa «associação irmã» num plenário intitulado “2º Século da AEP: A AEP hoje”, tendo-se seguido a apresentação de Andreia Miranda sobre as iniciativas e ferramentas relativas à saúde mental da Juventude da Cruz Vermelha, incluindo o projeto “E eu?” desenvolvido em parceria entre o CNE e a JCVP. Por fim, Catarina Oliveira juntou-se à sessão remotamente para nos falar sobre inclusão. Catarina partilha diariamente conteúdo de sensibilização às dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência na página de Instagram @especierarasobrerodas, que criou pouco tempo após uma inflamação na medula lhe ter causado tetraplegia. 

Durante a tarde de dia 9, os Dirigentes distribuíram-se pelos 62 workshops disponibilizados, com a duração de 60 ou 120 minutos, que estavam divididos entre as áreas da Sustentabilidade, Inclusão, Pedagogia da Fé, Técnica Escutista, Método Escutista e Secções. Os assuntos foram os mais variados. Na área da saúde mental e da inclusão, falou-se de temas como o Autismo e a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção. Mística e Simbologia, Pedagogia da Fé, Método de Projeto, Progressão Pessoal e Sistema de Patrulhas estiveram também na ordem do dia. Das habituais dinâmicas de técnica escutista à inclusão de pessoas com deficiência, esta 2ª edição velou-se pela diversidade de oferta formativa. À noite teve lugar uma Ceia Regional, em que os Dirigentes partilharam produtos da gastronomia típica da sua região, terminando-se o dia em clima de grande festa, com muita dança e música.

No dia seguinte, 10 de novembro, as equipas de animação dividiram-se em trabalho específico de secção. Os Chefes Regionais e de Núcleo reuniram à parte e os Chefes de Agrupamento participaram num mini-ENCA (Encontro Nacional de Chefes de Agrupamento), focado em aspetos específicos ao cargo que não abrangeram apenas questões pedagógicas, mas também administrativas e organizacionais. Foi também dinamizado o workshop “Falar de Escutismo a não-escuteiros”, facilitado por Cristian Moldovan, escuteiro romeno e Consultor para o Serviço de Comunicação da WOSM. Cristian foi convidado para o UNO 2.0 24 pela Secretaria Internacional após ter dinamizado este workshop no Roverway 2024 «porque perceberam que isto seria muito útil para Portugal», como contou o Consultor à Flor de Lis. «Disseram-me que vocês, enquanto país, também não estão absolvidos deste problema, de quando falamos de escutismo as pessoas pensarem que somos malucos. Não percebem porque fazemos isto, porque colaboramos enquanto voluntários – sem remuneração!», explicou.

À tarde, partilharam-se as conclusões do trabalho em secção e a missa foi presidida pelo Bispo de Portalegre-Castelo Branco, que na homília relembrou os Dirigentes de que a melhor maneira de educar os seus jovens é sendo um exemplo a seguir.

O UNO 2.0 24 terminou com a exibição de um vídeo onde se incluíam testemunhos de escuteiros, desde Lobitos a Caminheiros, respondendo às perguntas “Porque é que entraste para os escuteiros?” e “O que te dá o escutismo?” e com a apresentação de um baralho de “UNO” escutista desenvolvido pela Equipa Nacional Pedagógica. As cartas deste baralho têm as cores dos nossos FACEIS – verde para o Físico, vermelho para o Afetivo, azul para o Caráter, roxo para o Espiritual, cor de laranja para o Intelectual e amarelo para o Social – e cada uma apresenta um símbolo que remonta para a nossa vivência escutista, como o Fogo de Conselho ou o acampamento. O objetivo é colocar os jogadores a refletir sobre como os Objetivos Educativos correspondentes à cor da carta podem ser trabalhados na atividade representada no símbolo. Este jogo, como referiu Rui António, Secretário Nacional Pedagógico, no discurso de encerramento, será brevemente disponibilizado às equipas de animação, tendo 10 Dirigentes selecionados aleatoriamente na plateia recebido um baralho para trabalhar o “UNO” escutista nos seus agrupamentos.

Em declarações à Flor de Lis no rescaldo desta atividade, Rui António espera que o UNO produza frutos a nível local, junto dos agrupamentos: «O que eu espero que os Dirigentes levem para casa é uma mochila cheia de um fim de semana de partilha, de novos conhecimentos em alguns casos, de contacto com outras realidades.» Quando questionado se podemos contar com um “UNO 3.0”, o Secretário Nacional Pedagógico lança o desafio para o futuro, dizendo que é uma pergunta que «deve ser dirigida à Associação e aos Dirigentes, se continua a fazer sentido daqui a 2 ou 3 anos, quando quem de direito tiver de decidir».

Texto: Catarina Valada.

Fotos: António Rendeiro e Gonçalo Pinto.

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