Os rostos dos 100

A visão dos diretores da Flor de Lis trilhou 100 anos de história. Os contributos foram sempre com o intuito de melhorar cada vez mais o órgão oficial de comunicação do Corpo Nacional de Escutas.

Desde 1925 foram 18 as pessoas (sem contabilizar os diretores interinos) que assumiram funções como diretores da Flor de Lis. Todos contaram com o apoio de uma equipa dedicada a que o jornal e posteriormente revista, chegasse à associação com a melhor qualidade possível. É certo que a visão de cada um dos diretores foi sinónimo de mudança, de acordo com a sua linha de pensamento, seja a nível de planeamento de conteúdos ou até mesmo de grafismo. Fica a conhecer um pouco do pensamento dos diretores da Flor de Lis!

Monsenhor Avelino Gonçalves (Fundador da Flor de Lis) – Referia no seu primeiro Editorial que uma das lacunas que existia na associação era a falta de um boletim que leva-se ao conhecimento de todos os scouts o que se faz. Assim a Flor de Lis dava os primeiros passos para informar uma associação que nascia em vários pontos do país.

Dr. José Martins Gonçalves  ( De 1933 a 1950) –  Foi o grande responsável pela mudança da Flor de Lis para o formato de revista. Uma reviravolta histórica do, até ao momento, boletim do Corpo Nacional de Escutas.

Padre Manuel Ferreira da Silva ( De 1951 a 1961) – Assumiu a direção da Flor de Lis quando a Junta Central foi transferida de Braga para Lisboa. A revista apresenta cada vez mais conteúdos, incluindo notícias internacionais.

Padre João Ferreira (De 1962 a 1973) – Assumiu as orientações do fundador Monsenhor Avelino Gonçalves de concorrer para o progresso do Escutismo em Portugal e nomeadamente do Corpo Nacional de Escutas. 

Vítor Oliveira Faria ( De 1974 a 1975 e de 1995 a 1997) – Assumiu a missão de ser diretor da Flor de Lis por duas vezes, com um intervalo de 20 anos. Viveu a revolução do 25 de abril na revista, tentando transpor o que se vivia à época em Portugal. Acompanhou a evolução tecnológica, deixando a fotogravura (um processo bastante dispendioso), deixando a revista de ser impressa em tipografia e passando para o offset, o que permitiu pela primeira vez a impressão de capas a cores e a inclusão de fotografias. Por curiosidade, a primeira revista a ser produzida em offset incluiu uma ordem de serviço que exonerou e nomeou toda a gente. A marca que tentou deixar na revista foi de «melhorá-la todos os dias, ultrapassando as dificuldades que apareciam», indica na tertúlia dos 90 anos da revista Flor de Lis.

Armando Martins Brito ( 1976) – esteve na direção num período difícil da associação. Teve o Monsenhor Avelino Gonçalves como rumo certo. Neste período a meta era atingir mais assinantes, mais colaboradores, execução mais rápida da revista e o precioso contributo de anunciantes.

Manuel Velez da Costa ( De 1977 a 1983) – A prioridade foi manter a revista, porque nesta época atravessava-se uma crise profunda no CNE, e a Flor de Lis correu muitas vezes o risco de não ser publicada. Durante o período que assumiu a direção da revista, pretendeu honrar o passando, construindo uma revista preparada para o futuro da associação.

João Manuel Teixeira ( De 1984 a 1988) – procurou fazer da Flor de Lis o elo de ligação de todo o CNE, através dos conteúdos úteis e grafismo atraente, apesar da dificuldade em recursos humanos e materiais. Criou uma rede de correspondentes e um espólio fotográfico, que envolvesse , tanto quanto possível, o nível local na produção desses conteúdos. Como o próprio indica « tentei construir do ponto de vista editorial da revista, uma estruturação de conteúdos».

Fernando Calado Lopes ( De 1989 a 1991) – Na sua passagem pela revista, a Flor de Lis estava direcionada para os animadores e juntamente com esta vontade surgiram alguns suplementos destinados às secções. Afirmava que a revista não podia ser o espelho de quem a estava a orientar, mas sim da associação.

Carlos Félix Mana ( De 1991 a 1994) – procurou que a revista fosse o elo de unidade entre todos os escuteiros, veículo de informação nacional e internacional, uma janela aberta à opinião. Desenvolveu novos conteúdos, incluindo números especiais, dedicados a figuras históricas do CNE. Tendo um gosto especial por banda desenhada, inseriu banda desenhada na revista que, como indica na tertúlia dos 90 anos da revista «achava que para os miúdos a banda desenhada era um motivo para que quase de certeza lerem a revista. Começámos a fazer as folhas separadas da revista, em papel de cor».

Albano Catarino (1998) – Teve como objetivo manter os fortes pendores formativos e informativos, tornando-a, no entanto, um pouco mais aberta e eventualmente de leitura mais atrativa e sugestiva.

Padre Manuel Fonte ( De 1999 a 2000) – A sua prioridade foi fazer uma revista de todos para todos, produzida com prazer e espírito de serviço. A sua meta foi recuperar o tempo de publicação, e durante a sua direção surgiram os conteúdos destacáveis, no verdadeiro sentido da palavra, com folhas a destacar na cor de cada uma das Secções.

José Carlos Santos ( De 2000 a 2004) – Na sua direção assumiu a primeira edição da primeira revista totalmente a cores. Nesta altura inicia-se um protocolo com a revista Fórum Estudante que termina em janeiro de 2002. A revista surge com rubricas próprias e com um grafismo moderno.

José Luís Araújo ( De 2005 a 2008) – Transmitiu à equipa o pensamento «temos que arranjar maneira de olharmos para a Flor de Lis e pensarmos que é uma revista de escuteiros», indicou na tertúlia dos 90 anos, que juntou vários antigos diretores da Lis. O seu objetivo foi criar conteúdos úteis a serem aplicados nas secções, como o Aprender Fazendo, o Seguir o Guia ou a rubrica Indaba, esta última mais direcionada para dirigentes.

António Theriaga ( De 2008 a 2017) – aposta nos conteúdos, colaboradores em diferentes áreas, novo grafismo. A redação passou a contar com o apoio de estagiários, orientados pelos profissionais da Flor de Lis, estágios curriculares e profissionais. Admitiu na tertúlia com os restantes diretores que sempre pretendeu «melhorar a revista. Obviamente que considero que tive uma boa herança em muitos aspetos».

Nuno Canilho ( De 2017 a 2020) – Assumiu funções para que a revista continuasse a ser um legado da história do CNE. Apesar de considerar que o online tem uma posição importante, a revista impressa assume, na sua visão, a Flor de Lis é uma memória da história do CNE. Com a sua experiência na área do jornalismo, coordenou a redação, contando com os contributos de uma redação profissional e o apoio de uma equipa de voluntários. Acredita que «de todas as responsabilidades que tive no CNE acredito que esta tenha sido uma das mais estimulantes. Ser diretor da Flor de Lis foi muito interessante». 

Mário Correia ( De 2020 a 2023) –  A revista Flor de Lis foi um dos grandes desafios deste diretor, que foi responsável por um novo grafismo e por conteúdos mais atrativos para assinantes e leitores. Ultrapassou o período da pandemia Covid, com grandes constrangimentos à distribuição da revista, este processo acelerou a produção da revista digital, pelo qual foi responsável em concretizar. Considera que «a revista Flor de Lis é a guardiã da história do CNE» e afirma que como principais contributos deixou «a estrutura, para que a revista continuasse por mais 100 anos, e que fosse algo que quem viesse a seguir conseguisse pegar e construir em cima».

Tânia Coutinho ( De 2023 até ao presente) – É a primeira mulher a assumir o cargo de direção da Flor de Lis, responsável pela sua edição nos seus 100 anos de publicação. Gosta de mudanças e assume que a revista, na sua visão, deve ser aberta aos jovens, por acreditar que «quanto maior for o número de miúdos que tiver acesso à revista, mais facilmente podemos produzir conteúdos que vão ao encontro deles e das suas necessidades». Procura criar conteúdos diferenciados do papel e do online, para que se consiga chegar a mais públicos. 

Os próximos 100 anos trazem consigo muitos mais desafios para quem assuma as funções de diretor da revista Flor de Lis. Sempre certos de que o legado será respeitado, numa história que se constrói ininterruptamente desde 1925.

Texto: Cláudia Xavier

Fonte: Arquivo Flor de Lis

Fotografias: Gonçalo Pinto

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