Encontro Ibérico de Guias juntou escuteiros portugueses e espanhóis para trabalhar o Escutismo: Movimento Seguro

Cerca de 300 guias portugueses e espanhóis reuniram-se no Centro Nacional de Atividades Escutistas (CNAE), em Idanha-a-Nova, para o primeiro Encontro Ibérico de Guias, que decorreu de 10 a 11 de maio.

Este ano, os guias representantes de cada uma das 20 regiões do CNE juntaram-se aos seus congéneres espanhóis numa edição inédita do Encontro Ibérico de Guias. Esta atividade, que promoveu uma reflexão profunda sobre o tema “Escutismo: Movimento Seguro”, decorreu no âmbito do projeto “Caminho Seguro”, fruto da colaboração entre o CNE e o Movimiento Scout Católico (MSC), que tem como objetivo reforçar a criação e manutenção de espaços seguros dentro do Escutismo. O projeto integra-se no Programa H3 “Head, Heart and Hands”, financiado pela Fundação Porticus.

Inspirado no universo de Zootrópolis, o encontro transformou os participantes em “detetives” para identificar ameaças ao ambiente seguro como o bullying e as dependências, propondo soluções para promover a segurança de crianças e jovens no Escutismo. Explicou Rui António, Secretário Nacional Pedagógico, que foi atribuído «a um determinado conjunto de personagens os temas que trabalhamos, desde o cyberbullying, à relação educativa, aos abusos», realçando que «cada personagem representa não propriamente o tema mas é alguém que está a ajudar os nossos guias a melhor perceber e a dar-lhes pistas para o trabalharem em qualquer uma das secções». «Os nossos animadores são agentes da Lei do Escuta e da Lei da Alcateia, também entendendo a lei como algo fundamental para que se alcance esse ambiente seguro, porque está lá tudo. Desde a honra, a lealdade, a amizade, o respeito, a obediência…», continuou. 

A atividade arrancou no dia 10, sábado, com a cerimónia de abertura pelas 10h30 da manhã, apresentada por Rui António e Pablo de la Cuesta do MSC. No seu discurso, Juancho González, Presidente do MSC, relembrou o propósito do encontro: «estarmos com outras pessoas, de outros sítios, de outros países, (…) para aprender». Já Ivo Faria, Chefe Nacional do CNE, destacou a importância dos contributos que cada guia traria às discussões em secção: «Vocês fizeram todos um longo caminho para estarem aqui hoje, não só fisicamente, na vossa deslocação, mas também no trabalho que desenvolveram nos vossos bandos, patrulhas, equipas e tribos, nos encontros dos vossos núcleos e regiões, para serem eleitos para estar aqui hoje a representar muitos escuteiros e nos poderem dizer o que fazer para continuar a melhorar e fazer as nossas associações cada vez mais seguras». Em seguida, falou aos presentes Armindo Jacinto, Presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, descrevendo o Escutismo como um movimento que «mobiliza muita gente jovem (…) para construírem um mundo melhor». «Este acampamento é um exemplo de sustentabilidade, um exemplo daquilo que fazemos melhor para o mundo – uma melhor saúde para todos nós e uma melhor saúde para o planeta», sublinhou o autarca. 

Com a dinâmica explicada, os guias seguiram para as suas atividades em secção. Durante o dia, os representantes partilharam as conclusões que trouxeram dos encontros regionais e trabalharam a segurança no Escutismo através de jogos, dinâmicas e debates. Os assuntos variaram entre a prevenção de dependências, bullying, internet segura, resolução de conflitos, abusos, relações saudáveis, entre outros no âmbito da promoção de um ambiente seguro no Escutismo e fora dele. 

Para Pilar Alonso, Secretária Nacional dos Adultos do CNE, devemos abordar estas temáticas com os nossos jovens «de forma direta, eles são os intervenientes principais. Têm que saber como é que se hão-de defender de qualquer uma das temáticas do Escutismo: Movimento Seguro.» «Neste momento, se calhar, nós temos diamantes em bruto. Se começarmos pelos Lobitos, são os jovens que, sem pensarem na resposta que vão dar, nos dizem toda a verdade», continuou. Pilar reiterou também que esteve presente o Escuta Aqui durante toda a atividade, que é um programa de apoio à saúde mental para acampamentos e grandes atividades, para que os participantes pudessem recorrer se «necessitarem de algum apoio, de algum escurecimento» ou para falarem sobre «alguma situação que viveram ou que conhecem alguém que viva».

O dia 11, domingo, iniciou-se com a eucaristia presidida pelo Pe. Daniel Nascimento, Assistente Nacional do CNE, que na homilia relembrou os escuteiros de que «a voz de Jesus leva-nos sempre para verdes prados» e que nos devemos esforçar por «reconhecer Jesus no nosso próximo, quem está ao nosso lado». A atividade terminou com as conclusões apresentadas pelos guias de cada secção selecionados para as levarem ao próximo Conselho Nacional de Representantes.

Entre os guias portugueses, seus congéneres espanhóis, Dirigentes acompanhantes e staff, foram 471 os participantes do Encontro Ibérico de Guias. Para Pablo Mena, Secretário-Geral do MSC, a colaboração entre a associação portuguesa e espanhola não terminou na cerimónia de encerramento: «Gostávamos que esta colaboração, que já demonstra um compromisso significativo, pudesse continuar com outros tipos de iniciativas, mas sempre com foco na proteção de menores e na criação desses ambientes seguros.» Pablo admite que garantir a segurança de crianças e jovens é um esforço contínuo, que deve estar em constante reflexão devido a aspetos como «a mudança dos tempos, as novas tecnologias e até o avanço da sociedade». «É precisamente isso que estamos a tentar resolver com este projeto – identificar todas as situações ou locais onde os membros do movimento não se sentem seguros, para podermos criar esses espaços verdadeiramente seguros para todos.»

Decorreu em simultâneo o I Encontro Caminho Ibérico, que juntou 98 Dirigentes e Candidatos a Dirigente portugueses e espanhóis. O encontro promoveu o intercâmbio de experiências e o aprofundamento de técnicas escutistas, com workshops e dinâmicas práticas sobre temas como orientação, pioneirismo, primeiros socorros, cozinha em campo, fogo, abrigos, costura, encadernação, ferramentas, natureza e energia verde.

Texto: Catarina Valada.

Fotos: António Rendeiro e Gonçalo Pinto.

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