Sob o mote «Com Santa Josefina Bakhita, queremos ser peregrinos da liberdade», o CNE propõe um caminho de descoberta interior, de escuta e de fé, inspirado na vida desta mulher africana que transformou a dor em esperança e o sofrimento em amor. A proposta quer ajudar os escuteiros e as equipas de animação a aprofundar a dimensão espiritual das suas atividades, reconhecendo que a verdadeira liberdade não é apenas física.
Nascida no Sudão em 1869, Josefina Bakhita foi raptada aos sete anos e vendida como escrava. Conheceu o sofrimento físico e emocional e experienciou a desumanização da servidão. Resgatada anos depois por um cônsul italiano, foi acolhida pelas Irmãs Canossianas, em Veneza, onde conheceu o Evangelho e encontrou a fé cristã. Foi batizada em 1890 e, mais tarde, consagrou-se à vida religiosa, tornando-se Filha da Caridade de Santa Madalena de Canossa. A partir daí, dedicou-se por mais de cinquenta anos às tarefas simples do convento de Schio, como cozinheira, sacristã, porteira, bordadeira e responsável pelo guarda-roupa, sempre com humildade, alegria e profunda confiança em Deus, a quem carinhosamente chamava de «meu Patrão».
«Se eu encontrasse de novo aqueles negreiros que me sequestraram e também aqueles que me torturaram, me ajoelharia para beijar as suas mãos, porque, se não tivesse acontecido isto, eu não seria agora cristã e religiosa», dizia Bakhita. Faleceu em 8 de fevereiro de 1947 e foi canonizada em 2000 pelo Papa João Paulo II, sendo hoje reconhecida como padroeira das vítimas de tráfico humano e símbolo do perdão e reconciliação.
Os escuteiros são agora desafiados a viver uma liberdade espiritual, consolidada na fé no e serviço. «A liberdade que procuramos, longe de ser apenas física, é uma conquista do coração», refere a Equipa Nacional da Pedagogia da Fé no documento orientador. As propostas apresentadas convidam a criar momentos de deserto em acampamentos, para escutar a voz de Deus; promover partilhas de vida sobre como a fé se reflete no quotidiano; viver o serviço como expressão concreta da Boa Ação; e propor encontros com a Palavra, para redescobrir a Bíblia como guia na caminhada espiritual.
«Estas propostas não são imposições, mas convites a uma experiência de fé genuína», sublinha a equipa. «A espiritualidade escutista ganha vida quando é vivida com o coração, e é aí que nos tornamos peregrinos da liberdade, livres para amar e servir, como nos ensinou Bakhita.»
Ainda que não ligada ao Escutismo, a vida de Santa Josefina Bakhita reflete valores profundamente ligados ao nosso Movimento – o serviço, o perdão e a esperança. Neste sentido, a Equipa Nacional da Pedagogia da Fé preparou algumas dinâmicas e atividades que disponibiliza às equipas de animação para aprofundar a vivência de Santa Josefina Bakhita em secção e agrupamento. Acede ao documento através deste link!