Mais de 1500 mortos em apenas quatro meses, aproximadamente o mesmo número de pessoas que morreram na afamada tragédia do navio Titanic. Aqui a estória é outra, a viagem é um pedido de socorro. A bordo de pequenas embarcações, onde poucos metros quadrados servem para transportar ilegalmente centenas de pessoas, os migrantes fogem de vidas de guerra e morte com uma única esperança: pisar a Europa.
Os recentes naufrágios fecharam os sonhos de centenas de migrantes, sentenciaram destinos de famílias completas, mulheres, homens, crianças, bebés com poucos meses de vida. Os pedidos de ajuda no mar mediterrâneo sucedem-se e a incapacidade de chegar a bom porto encerra o capítulo que sonhavam ser o primeiro. Arriscam as vidas para atravessar pouco mais de uma centena de quilómetros de mar que os separa da guerra, nos países de origem, do sonho de uma vida estável, com trabalho e segura na Europa.
O CNE aliou-se à iniciativa #somostodospessoas da Igreja Católica no sentido de sensibilizar a sociedade para o drama que se vive no mediterrâneo. O objetivo é despertar a atenção de todos: há centenas de pessoas a perder a vida no mar, urge que se criem soluções.
Em todas as eucaristias celebradas no próximo domingo, será incluída uma prece no momento da Oração dos Fiéis, rogando a Deus que nos ajude a construir uma só família humana. O apelo vai também para todos os portugueses: no próximo domingo, coloquem uma peça branca às janelas, vistam uma peça de roupa branca e unam-se num minuto de silêncio ou oração com os milhares de pessoas que se sentem solidárias com todos os que procuram uma vida melhor para si e para as suas famílias, partindo diariamente das suas terras na procura, legítima, de melhores condições de vida.
Como o Papa Francisco afirmou: São homens e mulheres como nós, irmãos que procuram uma vida melhor, famintos, perseguidos, feridos, explorados, vítimas de guerras. Procuram uma vida melhor, procuravam a felicidade. Este gesto simples proposto pelas Organizações da Igreja Católica é uma manifestação de indignação e, para além disso, deverá ser entendido como uma adesão pessoal e institucional à realidade vivida nas periferias e o inconformismo com uma cultura do descartável.
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Texto de: Rita Penela. Imagem de: CNE.