O Acanac está oficialmente aberto. Na Arena do Futuro, 21.534 participantes juntaram-se para a abertura deste 23.º Acampamento Nacional.

Ainda antes do início da cerimónia, a agitação era já bastante visível. Bandeirolas no ar, luzes a piscar na multidão e um cronómetro no grande ecrã que levou os escuteiros ao rubro nos últimos dez segundos. Depois, soou o tambor. E só ele se ouvia até o ritmo ser acompanhado por todos os participantes e por alguns escuteiros, que subiram a palco também com tambores. A cerimónia prosseguiu com uma visita guiada a Portugal em vídeo, às regiões participantes deste acampamento e ao número de escuteiros presentes de cada uma. Lisboa é a região da qual provêm mais participantes (3541), seguida pelo Porto (3390) e por Braga (3036).

O Chefe de Acampamento, Manuel Augusto, e o Chefe Nacional e também de Campo, Ivo Faria, continuaram a comemoração. Manuel Augusto descreveu o Acanac como um “desafio”, esperando que ele fosse “um contributo para o crescimento pessoal e para a felicidade de cada escuteiro”. Por outro lado, Ivo Faria pediu a todos os participantes que refletissem durante esta semana nas mais variadas formas de “abraçar o futuro”. Juntos e em uníssono, declararam aberto o Acanac.

Em discurso, seguiu-se João Armando Gonçalves, presidente do Comité Mundial de Escutismo, que nos fez refletir um pouco sobre a grande família escutista da qual fazemos parte e também, falando do imaginário, sobre o que é o futuro. “Nesta altura em que estamos aqui reunidos, há milhares de pessoas como nós que estão a fazer exatamente aquilo que vocês estão a fazer aqui. São pessoas que fazem parte da vossa família, que tem mais de 40 milhões de pessoas. Homens e mulheres, de todas as raças, culturas, religiões. E essa é a família que vocês devem ter muito orgulho em pertencer. Escolheram para este acampamento o tema “Abraça o Futuro”, e o futuro somos nós que o fazemos. Gostava de vos pedir que, durante estes 8 dias, falassem muito com as pessoas, olhassem as pessoas nos olhos e começassem também a construir o futuro que todos nós queremos”, afirmou convictamente, gerando fortes aplausos na plateia. Terminou o seu discurso a convidar João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, para, também ele, dirigir algumas palavras aos participantes.

Presidente orgulhoso de ver tantos escuteiros juntos
João Paulo Rebelo reforçou a importância do escutismo ao nível da educação não-formal. “O Senhor Presidente da República costuma dizer que Portugal é um grande país. Tem toda a razão. É um grande país também no escutismo. É com uma enorme emoção que aqui estou hoje perante o CNE, a maior associação juvenil de Portugal. São em número, mas são também nos valores, na formação, na educação e a preparar um futuro melhor. Hoje, aqui, tive a certeza, perante a grandeza desta vossa organização, o espírito solidário que vocês têm, que também eu, nós no governo, temos de seguir o vosso lema: Sempre Alerta Para Servir”, assegurou. Seguiu-se João Costa, Secretário de Estado da Educação. Ele, que também foi escuteiro e chefe regional na região Setúbal, contou o seu primeiro Acanac foi em 1983. Agradeceu ainda por fazermos parte de um movimento que tem tanto para ensinar. “Obrigado ao CNE pelo contributo fundamental que tem dado a tantas vidas neste país.”, concluiu.

Também o presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, subiram a palco para umas palavras de motivação e agradecimento. Armindo Jacinto sublinhou a importância das caraterísticas da região para a realização deste acampamento, pedindo que os participantes a relembrassem que, depois de irem embora levassem “boas referências de Idanha-a-Nova. São vocês que têm um papel importante.”

A última palavra ficou para o presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa arrecadou imensos aplausos ao referir o orgulho que sentia em todos os participantes e no próprio movimento escutista. “Prometam-me que nunca mais se vão esquecer deste acampamento. O maior Acampamento de Portugal. Desde sempre. Como Presidente da República de Portugal, falando em nome de todas as portuguesas e portugueses, nós agradecemos ao CNE, a vocês, aquilo que têm dado a Portugal e ao movimento escutista mundial”, concluiu, levando a multidão ao rubro onde se ouvia repetidamente “Portugal”.

Era, deste modo, altura de prosseguir a abertura de acampamento com a introdução do tema “Abraça o Futuro”, a apresentação do seu hino e a sua breve explicação. Para proteger o Planeta Terra, a nossa “casa comum”, é necessária a criação de estratégias ligadas aos quatro elementos básicos – Terra, Água, Ar e Fogo – que promovam a sustentabilidade. Numa apresentação que se iniciou com a história da criação e um espetáculo de contorcionismo aéreo, todos estes elementos do Planeta Terra subiram a campo, na forma de muitos escuteiros que se mascararam a rigor de acordo com o elemento que representavam. Viam-se peixes, cavalos-marinhos, árvores, flores, cogumelos, chamas e muito mais. Também as mascotes deste imaginário (Ana Terra, Kiko Fogueira, Pedro Águas e Maria Brisa) se apresentaram ao público.

A cerimónia terminou com a apresentação da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que irá ficar em campo durante todo o acampamento. Ao som de “Senhora Minha”, uma procissão com a imagem da Virgem Peregrina e um pequeno cortejo foi até à capela de campo. Lá ficará a imagem até ao final do acampamento, sendo a primeira vez que uma Imagem Peregrina está presente durante um Acanac.

Após a cerimónia, o CNAE entrava progressivamente em silêncio. O dia tinha sido marcado pelo cansaço, mas, como refere Margarida, pioneira do Agrupamento 1029 Ranhados, foi um bom início. “Estamos a começar bem, estamos com um espírito de união muito grande entre todos.”, referiu. Também a visita presidencial marcou o espírito do dia, ao ser tão noticiada e, por isso mesmo, por contribuir para a divulgação do movimento escutista. Matilde Marques, lobita do Agrupamento 404 Almeirim, afirmou “é bom” que isto aconteça. “Se promovermos o escutismo, deixamos de ter pessoas que façam mal”, afirmou.

Texto de: Bruna Coelho. Fotografia de: João Brochado.

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