Durante estes quase três dias, estiveram em debate «profundo» e «enriquecedor», nas suas palavras, para procurarem perceber o estado da Igreja jovem e a forma como podem ajudar a preparar o trabalho dos bispos que se irão reunir em outubro.
Rui Teixeira veio em representação dos escuteiros católicos de todo o mundo, e explica que o grupo de língua inglesa onde ficou inserido lhe trouxe «muita diversidade». «Tem sido muito interessante, porque para além de se falar dos tópicos que estão nas 15 perguntas, 5 por cada parte da reflexão, às vezes complementamos com preocupações sobre para onde é que a Igreja deve ir, como é que se deve relacionar com os jovens, etc, sobretudo no tópico do modus operandi na Igreja. Perguntas que não estavam ali, mas que deram discussões extremamente interessantes», refere.
Até agora, diz Joana Serôdio, o balanço é muito positivo. «Como o Papa pediu para falarmos sem vergonha, as pessoas têm partilhado o que é bom e o que são as maiores dificuldades dos seus países. Somos muito diferentes, mas ao mesmo tempo os nossos problemas e as nossas realidades são muito semelhantes», diz Joana Serôdio, que está a representar os jovens portugueses, inserida num grupo linguístico de espanhol com brasileiros, argentinos, uma moçambicana e uma pastora luterana, que tem «trazido muita riqueza não só a nível pessoal mas para todo o grupo», afirma.
Tomás Virtuoso, que está a representar o movimento internacional das Equipas de Jovens de Nossa Senhora, está muito contente precisamente com a «profundidade das reflexões». «A grande honestidade de cada um pôr ali aquilo que verdadeiramente achava sobre os problemas, com uma grande profundidade, com uma grande capacidade de ir ao fundo das questões, foi uma das coisas que me deixou muito contente, não havia banalidades. Pôr ali a sua vida, e por isso tem sido uma experiência extraordinária», destaca este jovem.
Escutismo enquanto «escola de fraternidade»
O objetivo estes dias de reflexão é o de produzir um documento que não apenas trace um retrato da juventude, mas também aponte caminhos aos bispos que irão estar reunidos em Sínodo.
Rui Teixeira foi em representação dos escuteiros, mas não é o único lá presente. «Já encontrei outros escuteiros, aliás seria impossível eu ser o único (risos). No meu grupo existe uma jovem da Eslovénia que, às vezes mais que eu, refere “ah, porque nós nos escuteiros fazemos isto, aquilo”… somos uma força muito grande, e é importante salientar algumas das experiências que nós temos com os jovens, e sobretudo a experiência do encontro pessoal com Cristo, que o escutismo proporciona, em especial nas idades dos caminheiros, e que acho que é uma riqueza para a Igreja», destaca o jovem que está em representação da CICE, que congrega a maioria dos escuteiros católicos de todo o mundo.
O Rui tentou «sublinhar a importância do escutismo como fraternidade mundial, e procurei que essa fraternidade se fomentasse entre todos», referindo que têm sido muitas as amizades feitas nestes dias.
Texto e fotografia de: Ricardo Perna.
A Flor de Lis está em Roma a acompanhar esta reunião pré-sinodal do Papa com jovens de todo o mundo. Acompanhe tudo nas redes sociais do CNE.