Durante três dias, estes responsáveis debateram temas como a responsabilidade, a responsabilização e a transparência, na busca de encontrar solução para colocar fim ao drama dos abusos sexuais de menores na Igreja, um flagelo que afeta todos os âmbitos que trabalham com menores, inclusive o escutismo.
No final do encontro D. Manuel Clemente, representante português no encontro e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), referiu que a conferência episcopal vai adotar novas medidas rapidamente, assim que saírem as indicações do Papa Francisco, que serão publicadas num vade-mécum, um guia orientador que deverá, depois, servir de base para a criação de legislação específica em cada país e diocese. «O vade-mécum será talvez ainda mais preciso, mais articulado, mais operativo. Vamos ver, eu ainda não o conheço, mas é essa a intenção, sobretudo que sirva para todo o mundo», disse aos jornalistas portugueses presentes em Roma.
Sobre a realidade do escutismo, que bem conhece, D. Manuel Clemente referiu à Flor de Lis que espera que o CNE possa «andar à frente» do problema em vez de procurar remediar, e implemente as mudanças que, diz o cardeal, já estão a ser pensadas. «Sei que essa reflexão tem sido feita no âmbito do escutismo. Trata-se de andar à frente naquilo que já se faz, porque sei que essa atenção já existe, e sei que é um caso de muita atenção», assegurou.
As mudanças podem passar também, assim como foi levantado no encontro acerca da necessidade de validar bem os candidatos a sacerdotes, conhecendo o seu contexto, a sua história de vida, antes de os admitir nos seminários, por um maior processo de validação no acolhimento de candidatos a dirigentes. «O processo de validação deve ser aprofundado em todos os âmbitos educativos», incluindo no escutismo, «não se pode hesitar, há aqui algo que está em causa, que é grave e importante», referiu.
No que diz respeito à CEP, D. Manuel Clemente mostrou-se sensível à necessidade de haver, também em Portugal, equipas multidisciplinares para acompanhar as vítimas e todos os processos. «Têm aparecido ideias, como já tem sido ventilado, de reforçar as equipas, as comissões para a proteção de menores, mesmo com a colaboração de pessoas especializadas – clérigos, leigos, leigas – que efetivamente possam ajudar-nos nesta, podemos chamar-lhe batalha, porque é isto mesmo, pelo bem das crianças», referiu à Flor de Lis à margem dos trabalhos em Roma.
Texto de: Ricardo Perna. Fotografia de: Agência Lusa.
A reportagem em Roma no Encontro sobre Proteção de Menores na Igreja é realizada em parceria para a Flor de Lis, Agência Ecclesia, Família Cristã, Rádio Renascença, SIC e Voz da Verdade.