O conjunto de atividades ali realizadas designava-se por USB Unidade de Sobrevivência Básica e procurava desafiar os escuteiros a refletir sobre sustentabilidade e limitação dos recursos do planeta. Para tal, eram testadas algumas técnicas de sobrevivência, com vista à menor utilização possível de recursos. Para além deste abraço ao futuro, os exploradores abraçaram também a radicalidade em atividades como escalada e slide, cheias de adrenalina.
A ideia fundamental era desafiar os jovens participantes a transformar ações que impedem a preservação e o funcionamento responsável da nossa Casa Comum. As energias renováveis e a poupança de água foram dois dos temas abordados. No ateliê Girândola, eram diferenciados os conceitos de combustíveis fósseis e energias renováveis e apresentados, igualmente, os efeitos nocivos dos primeiros quando a sua utilização é descontrolada. Na parte prática, os exploradores tinham de construir uma girândola e fazê-la girar com o vento, simulando a produção de energia eólica. Ana Luísa Azevedo, do Agrupamento 1338 Vairão, voluntária na organização deste ateliê, explicou a relação entre esta atividade e o imaginário Abraça o Futuro. [Os exploradores] têm de estar alerta para as energias renováveis, uma vez que os combustíveis fósseis estão a prejudicar o ambiente e temos de o proteger para as gerações futuras.
Do lado oposto do campo de treino, a preocupação era a preservação e filtração de água para a tornar potável para consumo. Sem Água era um ateliê que colocava uma questão importante aos participantes: E se um dia não tivéssemos quase água para beber, como faríamos para filtrar a pouca existente? A solução era a criação de um filtro de algodão com um pouco de carvão, areia e pedras dentro de uma garrafa. Maria Luísa Sarabando, chefe no Agrupamento 1088 São Bernardo, era uma das responsáveis por esta atividade e garantiu que o aspeto importante a transmitir era o da água como bem essencial à vida, deixando em lema no final. Abraça o futuro não esquecendo de tratar bem o planeta e aquilo que é essencial à nossa vida, a água.
A construção de arcos e flechas, a criação de fogo com a fricção de duas canas e o tiro ao alvo foram também ateliês que conquistaram o entusiasmo dos exploradores, além das atividades radicais. Miguel Ferreira, explorador do Agrupamento 1073 Gançaria, afirmou que o seu dia foi repleto de conhecimentos e convívio. Foi muito bom, desenvolvi amizades com novas pessoas e desenvolvi o meu conhecimento sobre os escuteiros e a técnica.
Por outro lado, Cláudia Cardoso, do Agrupamento 789 Fermentelos, explica como pode abraçar o futuro neste acampamento. Eu posso abraçar o futuro ao ir aprendendo mais sobre o Escutismo, tentando sempre saber mais para melhorar as minhas capacidades e conseguir ensinar os outros. Aqui ajudei os meus colegas, pude conviver com eles e ganhei alguma experiência, sustentou.
O Almortão foi, desta forma, uma escola de sobrevivência, sustentabilidade, gestão de recursos e respeito pelo ambiente e pelo outro.
Texto de: Bruna Coelho. Fotografia de: Diogo Marcelo.