Bivaque de Abril: A Região de Leiria-Fátima realizou fóruns sobre a liberdade

No passado dia 12 de abril, o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA) acolheu uma conferência sobre escutismo e liberdade.

Nos dois fóruns denominados «Escutismo de Abril: Ontem e Hoje» e «Escutismo de Abril: Hoje e Amanhã», foram debatidos temas sobre a liberdade no escutismo durante e imediatamente após o Estado Novo, bem como o presente e o futuro do escutismo face à opressão moderna e tecnológica. 

Como resultado desta conferência, é possível concluir que Portugal era um país triste e cinzento, onde os símbolos nacionais tinham um peso significativo, onde a partida do movimento se traduzia na derradeira partida dos jovens para as colónias e onde os jovens eram persuadidos a aderir à Mocidade Portuguesa e a denunciar o próximo. Foi neste ambiente que um movimento nascido em democracia, o Escutismo, tentou manter-se livre. Não resistindo totalmente às pressões do governo, foi na Primavera Marcelista que surgiu também a primavera do movimento, onde novas ideias começaram a surgir e o ressentimento e espírito de revolta ecoaram nos agrupamentos e nas atividades nacionais. Neste ambiente e no momento da revolução, emergiu verdadeiramente o escutismo idealizado por BP (Baden-Powell), livre na sua essência; um movimento que impulsiona os jovens e que os leva a aprender e a valorizar as suas vivências.

Um escutismo de liberdade com espaço para a evangelização e onde se pretende que os jovens se desenvolvam, errem e sejam levados a refletir sobre o porquê, como e onde erraram. A atualidade do escutismo acarreta dificuldades e a liberdade não está garantida. Surgem novos opressores que se disfarçam e que atuam através da tecnologia, da engenharia social e dos algoritmos. A ausência de experiência humana na natureza e em comunidade coloca novos desafios aos dirigentes para que estes possam garantir que os escuteiros sejam livres. O papel dos adultos deve sempre ser assegurar as condições necessárias para que o escutismo aconteça, e que aconteça pelos jovens, pois assim se seguem os ideais de BP. Face ao enquadramento atual, queremos e devemos ter um escutismo que se reinventa constantemente, e onde os jovens são chamados a servir sempre alerta.

Por fim, é sem dúvida essencial refletir sobre qual a liberdade que o escutismo deve seguir:

Uma liberdade onde os escuteiros são guiados por caminhos únicos, bem definidos e delineados pelos dirigentes e pais, sem que os jovens tenham qualquer controlo sobre a direção tomada?

Uma liberdade onde os caminhos estão traçados e definidos por outros, onde a escolha é vasta mas os percursos são restritos e planeados?

Ou uma liberdade onde o caminho não existe e é criado de forma contínua pelos jovens, errando e aprendendo a corrigir os próprios erros, com o auxílio de dirigentes que proporcionam as condições necessárias para que este caminho se crie de forma sustentada? 

Texto: David Lourenço.

Fotos: Mariana Gonçalves.

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