CENSOS 2024: O que os números nos dizem

Alguns dos números estão já em níveis pré-Covid. Os Dirigentes do CNE são à prova de pandemias!

A leitura dos Censos 2024 permite-nos concluir que o CNE está, globalmente, em números pré-Covid, isto é, ao nível de 2020. Como pode ser isto, pergunta o leitor, se há uma diferença (para menos) de cerca de 3500 efetivos? A questão, ou a diferença, está na base de partida, que são os efetivos não dirigentes. O lastro, apesar de estar em perda, que vem dos anos anteriores, 2018 e 2019, permite “segurar” os números que se atingiram em 2020: 69473 escuteiros. Mas tudo o resto: Aspirantes, Candidatos e Dirigentes está muito próximo, e até com valores superiores nos Candidatos e nos Dirigentes.

As Regiões grandes estão a ficar maiores e as Regiões pequenas a ficar mais pequenas (mas há exceções!)… Os números mostram-nos uma realidade global muito difícil. Após a quebra de 2021, houve uma recuperação natural mas muito poucas alavancaram a partir daí. Não é o caso de Braga, Porto e Lisboa, que continuam a recuperar números após 2021. Neste taco a taco particular, Braga e Lisboa andam por um fio. Braga recuperou a “liderança” em 2023, com 12999 associados, e mantém-se à frente em 2024, com 13077 associados, superando os 12705 e 12727 associados na Região de Lisboa no período homólogo.

Nas Regiões médias, destacamos de forma positiva as regiões do Algarve, Coimbra e Setúbal, com recuperações interessantes após 2021 e ainda não interrompidas. Todas as outras Regiões acabaram por perder balanço, embora Aveiro e Viseu tenham perdido um pouco menos em termos absolutos.

Nas Regiões mais pequenas (em efetivo bem entendido), há também diversas realidades a atentar: Guarda, Lamego e Viana do Castelo são exemplos a observar no que diz respeito a crescimento contínuo após 2021. Bragança-Miranda e Vila Real também, embora com alguma oscilação. As restantes regiões recuperaram imediatamente de 2021, mas depois voltaram a cair em número de associados.

Dava tanto jeito dizer que somos 1000 Agrupamentos…

Pois dava. Para anúncios na imprensa era um grande sound-byte. Para calcular médias era um instantinho, mas a cada ano que passa isso parece ser uma verdade cada vez mais distante, ainda que em muitas ocasiões continue a dar jeito “sacar” desse número. Este ano de 2024 já só somos 991. Bem, só são menos 9 do que os 1000, mas quando queremos comparar efetivo com, por exemplo, 2019, há 5 anos atrás, são menos 20 Agrupamentos! 2019, o ano de realização do ENCA, Encontro Nacional de Chefes de Agrupamento, grande encontro que o CNE realizou na região de Aveiro, e onde grande destaque foi dado aos Censos, tendo inclusive originado uma publicação posterior. Aí se relatava a necessidade de todas as estruturas do CNE refletirem sobre os seus números.

Muito há ainda para escalpelizar nos números do CNE e que não cabe num artigo deste âmbito. O Projeto Bolota, com uma quiçá duvidosa taxa de aproveitamento, tem à disposição uma série de recursos úteis e informativos para este desafio, nomeadamente com propostas para enquadrar o CNE a nível local. 

Falem uns com os outros. Pensem e perguntem-se tudo o que vos aprouver. Eu deixo algumas das minhas perguntas: O que continua a faltar fazer para termos mais miúdos a bater à porta? Se estamos a manter o número de educadores, como é que contabilizamos cada vez menos deles a apoiar as secções? Quais são as razões para 6 Agrupamentos terem fechado entre 2023 e 2024?

Texto: Miguel Salgado.

Foto: Gonçalo Pinto.

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