Cerca de uma centena de exploradores das regiões de Coimbra e Viseu recriaram a experiência idealizada pelo fundador, Baden Powell, que em 1907 levou 20 rapazes para a ilha de Brownsea, para testar o método escutista.
Inscreveram-se em outubro 37 patrulhas, mas depois de vários desafios que incluíram pioneirismo (nós e amarrações), cozinha selvagem, orientação, cifras e socorrismo, determinou-se o apuramento de apenas 16 que, agrupadas, formaram as 4 patrulhas de Brownsea: Lobo, Corvo, Maçarico e Touro.
Os agrupamentos apurados da Região de Coimbra foram Montes Claros e da Região de Viseu foram Santa Comba Dão, Vildemoinhos, São Miguel do Outeiro, Repeses, Ranhados, Fragosela e Viso.
Sendo uma ilha, o transporte foi feito de barco com o apoio dos Bombeiros Voluntários de Santa Comba Dão e pelo Homem do Leme, Pedro, que levou além rio, todo o material necessário: paus para construções, tendas e mochilas.
A atividade começou pelas 8h na Marina do Resort Montebelo com a entrada emocionante no barco e a viagem para o outro lado. À chegada, sorrisos e algum nervosismo natural de quem nunca tinha vivido esta experiência de embarcar para uma ilha.
Quando já todos estavam na ilha, foi o momento de formarem por agrupamento e fazerem as devidas apresentações. A seguir, reorganizaram-se por patrulha Brownsea e cada um seguiu para o seu campo já previamente marcado na ilha, onde montaram tendas e construíram a latrina e a cozinha.
Pelas 12h, com o hastear da bandeira e após a receção das individualidades da terra – representantes do município (vereadora Catarina Costa) e freguesias envolvidas (Inês Varela da união de freguesias de Santa Comba Dão e Couto do Mosteiro e Sílvio Simões de Óvoa e Vimieiro), bem como o presidente da Mesa do conselho regional (Nuno Silva) e os representantes da GNR – foi feita a inspeção do campo para verificar e avaliar as construções e organização das patrulhas.
Enquanto isso, decorreu um desafio onde, para ganharem uma anilha do Combex, tinham de se apresentar com mais 3 amigos de outras patrulhas.
Era hora do almoço e cada um se instalou onde melhor se sentia. A seguir começaram os jogos/desafios de orientação e cifras que permitiram aprender e aprofundar técnicas com ajuda uns dos outros e do mini manual escutista.
Entretanto, foram chegando alguns elementos de Vildemoinhos e Santa Comba Dão para animar a eucaristia e com a bênção do Assistente, Padre Virgílio ‘o Teófilo’ (amigo de Deus), foi realizado um momento bonito e alegre com a participação de todos.
Era hora de arrear a bandeira e começar os preparativos do jantar com a simulação das fogueiras, pois o alerta das autoridades não aconselhava a efetivar o ato de acender o fogo.
O jantar (esparguete à bolonhesa) foi provado e aprovado pelos chefes em campo.
O fogo de conselho (denominado Engonyama pelo fundador, que quer dizer grito do leão) começou pelas 22h com a apresentação das peças previamente preparadas pelas patrulhas baseado no projeto nacional ‘SEGURA-TE’ que visa orientar um Escutismo Seguro. Assim, os temas apresentados pelas patrulhas foram: Maçaricos com o ‘vício na tecnologia’; Corvos com o ‘Bullying’; Lobos com o ‘Isolamento social’ e Touros com a ‘Depressão’. Foram momentos muito interessantes e que permitiram alguma reflexão dos exploradores.
Já pela noite dentro, de lanternas apagadas, começou o jogo noturno onde cada patrulha tinha que encontrar as peças do puzzle seguindo o som do animal da sua patrulha. Foi preciso alguma coragem, orientação e espírito de equipa.
No final do jogo começaram as sentinelas noturnas que foi o nome que Baden Powell deu às vigias de campo. Durante a noite tinham o objetivo de proteger o seu campo e de capturar a bandeira colocada no campo do adversário. Isto sempre em silêncio e sem se deixarem apanhar pela patrulha adversária.
De manhã a alvorada e a ginástica matinal acordaram os mais resistentes.
Com o hastear da bandeira, vieram os ingredientes para o pequeno almoço.
A partir das 9h30 começaram os treinos de salvamento com várias técnicas de socorrismo.
O ponto máximo foi o cabo de guerra entre pássaros (maçaricos e corvos) e feras (lobos e touros) vencido mais uma vez pelas aves.
Seguiu-se a preparação do almoço (arroz à escuteiro) e a desmontagem de campo.
Enquanto isso os chefes decidiam qual a melhor vara, tendo em conta que é um dos símbolos dos exploradores e tem várias utilidades.
No final, a avaliação e entrega de prémios:
- 1º lugar: Lobos
- 2º lugar: Touros
- 3º lugar: Maçaricos
- 4º lugar: Corvos
A experiência terminou. Os rapazes e raparigas voltaram aos seus lares. O acampamento na ilha de Brownsea tornou-se história e a ilha voltou ao normal.
Baden Powell foi escrever o livro “Escutismo para Rapazes”, onde deixou o esquema testado pelo sucesso.
Por terras de Santa Comba Dão, a experiência revelou mais uma vez que quando o homem sonha, a obra nasce e a magia acontece.
Resta-nos agradecer em primeiro lugar a todos os chefes que acreditaram nesta cena, aos pais que permitiram que os filhos tivessem uma experiência inesquecível; aos Bombeiros Voluntários de Santa Comba Dão que transportaram de barco os exploradores; ao Sr. Pedro que transportou o material e tornou possível a chegada de toda a logística; ao Montebelo Aguieira Resort que permitiu a abordagem pela marina; à GNR que se disponibilizou para qualquer eventualidade; ao Município e à União de Freguesias de Santa Comba Dão e Couto do Mosteiro. Às empresas Movadel, Iberfit e Din e sempre estão disponíveis para apoiar o Escutismo local.
Por último, mas não menos importante, um agradecimento especial ao Presidente da Junta da União de Freguesias de Óvoa e Vimieiro que sempre esteve em todas as intervenções na ilha, de mangas bem arregaçadas, pronto para servir em todas as circunstâncias.
Aos chefes do Agr. 306 que ao longo de todo o ano acompanharam os desafios, e resolveram as dificuldades: Ricardo, Rodrigo, Pedro, Celso, Dinis, Ângela, Sandra Jesus, Sandra Ferreira, Cristina, São. A Todos uma grande saudação. Sem vocês nada teria sido da mesma maneira.
Um testemunho de participantes
A Expedição 29 do Agr. 956 Repeses, voltou a marcar presença na atividade COMBEX. O balanço foi bastante positivo, não só na atividade em si, mas também na fase de apuramento, onde as patrulhas trabalharam com empenho e dedicação. Foram desafios que promoveram o crescimento e aprendizagem de todos os elementos. Os nossos exploradores demonstraram espírito de equipa, responsabilidade e compromisso ao longo dos 4 desafios e da atividade.
Na fase de apuramento as nossas 3 patrulhas ficaram no 3º, 4º e 6º lugar.
À semelhança da 1ª edição, todas as dinâmicas desenvolvidas promoveram não só o convívio saudável entre os participantes, mas também o desenvolvimento de competências como a liderança, a cooperação e a autonomia. Do ponto de vista logístico, a atividade decorreu sem incidentes, com uma organização eficaz e bem estruturada.
O envolvimento dos dirigentes foi exemplar, proporcionando um ambiente seguro, educativo e divertido para todos.
Melhor que os 3 primeiros lugares do pódio, foi ver a alegria estampada no olhar de cada um. Como resultado, podemos afirmar que esta atividade fortaleceu os laços entre os membros do grupo, incentivou o crescimento pessoal de cada escuteiro e contribuiu significativamente para a vivência plena do método escutista. Saímos desta experiência mais unidos, mais motivados e com a certeza de que estamos no caminho certo.