«Desejo muito que o CNE assuma cada vez mais este seu papel de ser um ator importante na Igreja em Portugal»

O Padre Luís Marinho cessou funções como Assistente Nacional do CNE. Foram 10 anos a acompanhar o Corpo Nacional de Escutas, a construir um caminho enriquecido com fé e esperança numa associação mais inclusiva, de mãos dadas com a Igreja.

Flor de Lis (FDL)- Que balanço faz deste seu mandato de 10 anos no CNE?

Padre Luís Marinho (PLM) – Em primeiro lugar é um reconhecimento de um caminho imenso de aprendizagem e descoberta de uma realidade que eu desconhecia há 10 anos atrás conhecia pouco e que ao longo destes 10 anos me permitiu não só conhecer pessoas, rostos, histórias e igualmente desafios. Desafios institucionais, desafios pastorais, desafios pedagógicos, que a associação enfrentou, enfrenta e continuará a enfrentar. Eu tenho muito a noção de que o assistente, é um padre no seio de um movimento de leigos e que a sua missão não é conduzir a associação, mas acompanhar na especificidade do seu ministério e olhar para estes 10 anos só posso dizer que isto cumpriu-se que eu acompanhei a associação particularmente a Junta Central (JC) e as equipas de nível nacional do CNE, a pensar em alguns desafios, alguns novos, que o CNE enfrenta e a construir com a JC, com as equipas possíveis caminhos de resposta, nunca há uma única resposta acabada.

O CNE é uma associação Centenária e cheia de vida, onde há caminhos a percorrer juntos e essencialmente é esta compreensão do CNE como movimento da Igreja Católica que no mundo e que com o método escutista procura responder à sua identidade e missão, eu fui mais um neste tempo. 

FDL- Quando aqui chegou ficou realmente surpreendido por a Igreja ser um tronco comum do escutismo do CNE?

PLM – Eu conhecia o escutismo da minha experiência de adolescente, conhecia o escutismo de uma experiência muito brevemente, da minha experiência de assistente de um agrupamento, mas não conhecia nada em termos mais institucionais, de equipas nacionais, de região, de núcleo…isto não conhecia nada e o que me foi possível descobrir cristãos que num movimento procuraram responder o melhor que podem e sabem à sua vocação de membros de pleno direito da Igreja Católica.

FDL- De todos os projetos que esteve envolvido ao longo destes 10 anos. Que projeto destaca mais?

PLM –  É difícil destacar um, porque foram várias coisas, ACANAC’S, que acompanhei num deles a construção daquela capela no CNAE foi uma experiência muito bela e desafiadora, mas eu acho que o segredo do escutismo, o segredo do seu futuro, o segredo da sua qualidade é sobretudo nos seus dirigentes, portanto tudo o que tem haver com a formação de dirigentes para desempenharem plenamente a sua missão é claramente a área que eu destaco mais interesse, desafiante e complexa e isso pode desdobra-se em várias alíneas desde de os percursos e cursos de formação de formadores do CNE, foi uma área que pude acompanhar o que pude, enriquecimento da formação dos dirigentes em geral, por exemplo, o 4×4 Fé todo o Terreno onde se pode ver como à uma grande vontade de aprofundar a fé cristã numa perspetiva de ir onde eles se encontram hoje e de desafiá-los a dar passos novos, enfim o 4×4 é uma iniciativa, a outra é o Adro que entretanto implementado e que já fez duas edições, com alguns dos contributos para esta dimensão e finalmente tudo o que tem haver com o projeto entrelinhas que se insere exatamente nesta área prioritária de capacitar os dirigentes para melhor acompanharem as crianças e jovens na área da afetividade e sexualidade.

 FDL- Sente que o projeto Entrelinhas foi uma página importante na história do CNE para o qual contribuiu?

PLM – Isso ver se há no futuro as consequências que daqui podem advir e como ele pode ser uma reflexão feita, que impacto pode vir a ter, que auxílio é para os dirigentes desempenharem a sua missão, claro que fiquei muito agradecido pelo enriquecimento muito pessoal e das equipas que deram corpo a este projeto de uma compreensão de como a fé cristã continua a ser pertinente para iluminar essa área tão importante da vida humana, de todas as vidas humanas, isso ficou bastantes mais compreensivo.

FDL- Do ponto de vista do futuro do CNE, que passos acha que precisamos de dar na área de aprofundamento da fé e na pedagogia da fé?

PLM – Eu sou muito simples neste ponto, haverá muitos passos institucionais na verdade não o ponhamos como um apontar de metas e caminhos, mas o essencial está sempre na qualidade da vida cristã de cada um dos dirigentes, da experiência de Deus que cada dirigente vive e de reconhecimento do que ainda pode viver, porque por mais instrumentos e auxílio que possa haver e eles são necessários nada disto é útil ou prático sem que cada um arrisque-se no mistério da sua própria vida e não é possível acompanhar crianças e jovens no desenvolvimento da área da espiritualidade, da fé, da religião sem adultos que vivem a sua experiência de Deus e a condição de dirigentes como peregrinos nesta terra, neste mundo que tem consciência que vimos de Deus e caminhamos para Ele, portanto muito pouco do que possa ser procurado em termos de instrumentos de capacitação será útil se cada um não se puser neste caminho.

FDL- Tem que vir de dentro de cada um, é isso?

PLM – Tem que vir da sua própria experiência de fé isso não há dúvidas a todas as condicionantes e circunstâncias que cada um vive não somos um povo de perfeitos de gente acabada, mas somos um povo de peregrinos e sem esta experiência de facto é bastante difícil, senão mesmo impossível acompanhar outros neste caminho de fé.  

FDL- Que desafios terá o novo Assistente Nacional neste seu novo cargo?

PLM- O novo assistente já está nomeado é o padre Daniel Nascimento que entrará em funções no dia 1 de outubro, os desafios será ele próprio que os há de identificar, é o mesmo ministério de Assistente Nacional que cada um interpreta com a sua sensibilidade, com o seu olhar, com os seus horizontes de vida. É como dizia o essencial de o ser no CNE que é um movimento laical, um padre, um bispo ordenado enviado pela igreja insere-se num caminho que já existe e depois verá que a acentuação dos desafios que melhorias há a fazer sou incapaz de traçar um folha de trabalho ou rumo para a missão do padre Daniel, apenas com muita alegria que recebi a notícia da sua nomeação apenas desejar que seja feliz e que encontre alegria neste serviço, não tem nenhum caderno de encargos pré definido , tem a sua missão de ser padre enviado pela igreja no seio do CNE membro da JC do CNE.

FDL- Agora deixa o CNE, mas continua no caminho do escutismo, certo?

PLM – Por um lado ficará a meu cargo a conclusão do projeto Entrelinhas. Dedicarei o meu tempo e forças como Assistente Mundial, fui nomeado há um ano e meio. É uma instância de encontro, partilha, de coordenação dos católicos e das associações católicas do mundo no interior da OMME há muitos desafios importantes e interessantes diante de mim. Desde a presença junto das associações no diálogo com as conferências episcopais, o diálogo com a OMME, a CICE tem um papel consultivo na OMME. Um papel a desempenhar para uma melhor articulação, compreensão e criação de espaços para que os católicos, para que a Igreja Católica sinta que o escutismo é casa, que no escutismo está em casa e pode desenvolver plenamente a sua proposta educativa. Entre outros contatos mais discretos e informais, é por aqui que passará a minha missão. É um trabalho que já vinha de atrás e que eu tenho muito gosto em sublinhar, tem haver com a compreensão atual se entende por religião, espiritualidade e interioridade e como isto se articula no contexto do método escutista e como isto se articula institucionalmente nas associações e na OMME porque há muitos equívocos, muito ruído que impede um desenvolvimento pleno.

FDL- Que palavras gostaria de deixar ao CNE?

PLM –  A pertinência, atualidade e beleza do método escutista proposto por BP, interpretado por Jacques Sevin e que o CNE assumiu desde da sua fundação, continuam de uma imensa atualidade. O CNE é em Portugal é a maior associação juvenil, da igreja e de toda a sociedade, é um ator determinante mesmo depois da JMJ, numa presença estruturada e organizada e desafiante da igreja junto das crianças e jovens e suas famílias bastante tomar o método escutista a articulação institucional do CNE para se compreender que é de uma imensa atualidade. E finalmente é ainda tão relevante isso pude compreender ao longo destes anos de missão no CNE como o CNE é chamado a estado presente em todos os lugares onde a igreja em Portugal  articula, pensar no sonhar o seu futuro, com os escuteiros do CNE são muito mais do que uma organização de amigos do ambiente, de proteção civil, de animação da vida comunitárias, porque o método incorpora plenamente a proposta de Jesus Cristo e no seio da igreja católica e ele é capaz de dar sabor e beleza há vida das pessoas e há vida da comunidade.

Desejo muito que o CNE assuma cada vez mais este seu papel de ser um ator importante na Igreja em Portugal até mesmo nos desafios porventura mais incómodos que possam trazer, seja voz da irreverência própria dos jovens, mas ao mesmo tempo ter capacidade de pensar, sonhar como é o próprio dos adultos mais velhos que acompanham estas crianças e jovens. Isto pode traduzir-se na presença e contributo do CNE para a vida e vitalidade da Igreja em Portugal e para a vida e vitalidade da OMME. O CNE também é chamado neste fórum, a trazer o seu contributo porque nunca está tudo bem e acabado e portanto é muito oportuno que também aqui o CNE saiba ser voz crítica e construtiva para que o escutismo não perca a sua pertinência, atualidade e força.

Texto: Cláudia Xavier

Fotografias: Arquivo CNE

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *


O período de verificação do reCAPTCHA expirou. Por favor recarregue a página.

Website protegido por reCAPTCHA. Aplica-se a Política de Privacidade e os Termos de Serviço da Google.