Equipa Dino D’Santiago recebe uma visita especial

Tudo começou no “Piomareg”, uma atividade dedicada à terceira secção e que ocorreu no início do passado mês de setembro, em Tavira. No local onde se realizou o acampamento, muitas eram as colunas de som presentes em todos os cantos. Desta forma, a equipa de comunicação da atividade questionava aos participantes que músicas gostariam de ouvir durante aquela semana de atividade. Nós, pioneiros da equipa Diogo Cão do agrupamento 1052 – Quarteira, sugerimos que o Dino D’ Santiago fosse ouvido por todos no campo escutista de Tavira. E foi num dos dias daquela semana, em conversa com um pioneiro do meu agrupamento, que sugeri que criássemos uma nova equipa, tendo o cantor Quarteirense como patrono da mesma. Tenho a confessar que foi uma ideia muito espontânea, mas a verdade é que muito rapidamente a vontade em homenagear o Dino foi crescendo ao longo daquela semana, sobretudo após termos abordado a nossa chefe, acerca deste nosso desejo.

Um novo ano escutista começou e estando a equipa formada, só faltava a atribuição do nome tão desejado. Muitas foram as razões que levaram a esta mudança, mas essencialmente o facto de Dino ser mais do que um cantor. Claudino Pereira, mais conhecido como Dino D’ Santiago, é um verdadeiro pioneiro dos dias de hoje, um herói que sempre carregou ao peito as suas raízes, mesmo quando o seu mundo não era cor de rosa, e que nunca deixou de lutar contra aquilo que infelizmente ainda se vive, o racismo. O disco “Kriola”, o centro cultural “Lisboa Criola” e o festival “Na sofá” são alguns dos seus projetos que transmitem ao mundo a sua cultura, típica de Cabo Verde. Para além disso, a sua luta contra o racismo, feita através das suas músicas, da sua arte e da sua audiência foi mais um dos motivos que nos levou a termos uma equipa com o seu nome. Desta forma, foi através destas palavras que nos tornámos na equipa Dino D’ Santiago, após uma breve apresentação ao resto da comunidade. De facto, sentíamos-nos concretizados com a homenagem que fizemos a alguém que tanto admiramos e em quem temos muito orgulho.

No dia 26 de outubro, por meio de uma publicação no instagram, percebemos-nos de que o herói da nossa equipa estava nos muito agradecido e que tinha todo o prazer em assinar a nossa bandeirola. Sendo assim, ficou combinado que no dia 13 de dezembro Dino iria visitar-nos. A data ficou imediatamente apontada na nossa agenda e assim foi. Após a sua chegada e uma breve introdução, explicámos ao cantor que um quebra gelo é muitas vezes usado perante a visita de alguém que não nos é familiar e, dessa forma, prosseguimos com um dos muitos que nos são conhecidos. De facto, o sorriso não abandonava o rosto de Dino e, de seguida, apresentámos a nossa versão da sua música “Sou Quarteira”, em que contámos como é ser um pioneiro na nossa cidade, explicando-lhe algumas das nossas tradições, como a subida ao Cerro de Cabeço de Câmara e expressando também o nosso sonho de ir à Madeira. Nesta nossa versão, cantámos numa só voz “Sou ambição, sou força, sou alma escuteira. Sou tudo isto e por issso, Sou Quarteira.”. Depois deste momento inexplicável, prosseguimos com a assinatura da bandeirola, o que se seguiu da apresentação das duas equipas que constituem a nossa comunidade. O grito da equipa em que é patrono, “Com Dino a cantar, pela cultura vamos lutar! Não é sonho nenhum! Não é sonho nenhum!”, deixou o cantor maravilhado, ao perceber que tais palavras iriam ser proferidas em todos os acampamentos, sem exceção. A este encontro, que já estava a chegar ao fim, seguiu-se a canção dos parabéns e a oferta de um íman com o formato da flor de lis e de uma vara semelhante à da equipa. Por fim, Dino despediu-se de todos com um abraço e tal tarde nunca mais será esquecida.

Este foi sem dúvida um momento que me ficará marcado na minha vida escutista enquanto pioneira. Felicidade e orgulho são as duas palavras que melhor descrevem aquele pequeno encontro, que me pareceu tão grande. Os rostos de todos representavam completamente o quão gratificante era para nós estar com aquele que consideramos ser um verdadeiro herói, aquele que nunca baixou os braços e que sempre fez de tudo por aquilo em que acredita. Por isso, não podíamos estar mais orgulhosos, tanto na pessoa que ele é, como em nós que fomos para além da tradição e nomeámos para patrono de equipa um herói da atualidade.