Nascido em Manteigas, Serra da Estrela, a 2 de Dezembro de 1918, Manuel Ferreira da Silva teve um papel muito importante no CNE e, também, nas Guias de Portugal ao longo da sua vida.
Realizou os cursos de Humanidades, Filosofia e Teologia nos seminários do Fundão, Guarda e Olivais, tendo sido ordenado sacerdote em 1941, na Sé Patriarcal de Lisboa.
Profundamente envolvido no rejuvenescimento do escutismo católico, foi o reanimador do CNE em Portugal, após o diferendo com a Mocidade Portuguesa. No CNE foi assistente regional de Lisboa, secretário nacional, assistente nacional adjunto e diretor da Flor de Lis. Empenhou-se profundamente na mudança da sede nacional de Braga para Lisboa, preparou a Conferência Internacional do Escutismo realizada na capital portuguesa em 1950, foi o obreiro do 9.º ACANAC, de Coimbra (1952), teve um papel preponderante na implantação do CNE em Tomar e contribuiu decisivamente para a reativação das Guias de Portugal.
No CNE foi quase tudo, em Portugal e nas então colónias ultramarinas. A sua ação foi determinante no ressurgimento do escutismo no Ultramar, principalmente na Beira, para onde partiu, em missão, em 1957. Foi o primeiro padre português do clero secular a responder ao apelo da “Fidei Domum”; ao ser convidado pelo bispo da Beira, D. Sebastião de Resende, a colaborar com ele na causa missionária em Moçambique, partiu sem hesitação. Em 1963, foi-lhe concedida a dignidade de Monsenhor (Prelado Doméstico de S. Santidade) pelo papa João XXIII.
Autor de mais de 50 títulos publicados, escreveu sobre escutismo, pedagogia, história, sociologia, liturgia, etnografia, etc. Professor de Religião e Moral, foi-lhe oficialmente confiada, com o Pe. João Ferreira, a elaboração do livro único para o 2° Ciclo, que foi livro oficial durante vários anos. Teve a seu cargo programas de rádio e televisão, tendo sido durante largos anos responsável pelos programas religiosos da Rádio Renascença. Além dos seus inúmeros escritos sobre o escutismo e o CNE em particular, merece especial destaque a sua obra monumental “A Rainha D. Leonor e as Misericórdias Portuguesas”, considerado o livro do V Centenário (1498-1998).
Na sua qualidade de jornalista e investigador, proferiu comunicações em congressos, em Portugal, Japão, Alemanha, Bélgica, França, Espanha, Brasil, Israel, E.U.A., Canadá, Macau, Moçambique e Itália.
Dispensado do ónus sacerdotal, foi-lhe concedida a canónica recondução ao estado laical em 1976. Contraiu matrimónio e constituiu família, mantendo-se, por espontânea opção, ao serviço da Igreja e de causas da solidariedade humanista.
O CNE atribui-lhe a sua mais alta distinção: o Colar de Nuno Álvares. Foi também agraciado com a principal condecoração do escutismo brasileiro, o Colar Tiradentes. Foi-lhe atribuída no Jubileu dos V séculos das Misericórdias Portuguesas (1498-1998) a Medalha (prata) da União das Misericórdias.
As cerimónias fúnebres terão lugar hoje, dia sete de julho, pelas 15 horas, em Manteigas, sua terra natal.
Como reconhecimento do importante papel para a Associação o CNE decretou sete dias de luto Nacional, a contar desde dia seis de julho.
Fonte e Fotografia: João Vasco Reis – Corpo Nacional de Escutas. Uma História de Factos; O Sonho comandou a Vida. História do Escutismo na Região de Lisboa.