O conceito nasce da vontade de regressar às origens e criar uma atividade que olhasse para o caminheirismo na sua essência. Um caminheirismo mais simples, vivido com pouco, mas que justamente por isso se torna autêntico, profundo e transformador.
O imaginário da Clara (às escuras), uma jovem à procura de si mesma, acompanhou-nos como fio condutor ao longo dos dias. Através dela, cada um pôde espelhar-se, questionar-se e descobrir novas formas de olhar para a própria vida e para o seu lugar no mundo.
Acima de tudo, o objetivo era que cada participante encontrasse a sua chama. E por isso, como em qualquer viagem de descoberta, fomos à procura dela passo a passo.
Começámos por fazer caminho, num hike de 50 quilómetros até Mortágua – olhando para dentro, refletindo um pouco sobre a estrada percorrida e a que está pela frente, reconhecendo que somos feitos de vales e cumes. Houve espaço para a espiritualidade, para explorar propósito e pertença, neste Universo que nos faz sentir tão grandes e, simultaneamente, tão pequenos.
Seguiu-se o serviço, na aldeia de Cerdeira, onde arregaçámos as mangas e nos encontrámos na entrega ao próximo, deixando uma pequena marca numa comunidade cada vez mais envelhecida. E culminámos com o ar livre, conectando com esta Terra que nos sustenta, que nos devolve ao essencial e nos ajuda a encontrar a felicidade nas coisas mais simples e pequeninas.
E encontrámos tanta luz! Encontrámo-la nos trilhos percorridos, no clima de partilha e de superação, nas trocas de sotaques e petiscos, nos mil momentos musicais que espontaneamente se despoletavam, nos abraços apertados, no silêncio e nas orações à volta da luz frágil de uma vela.
O que ficou destes dias? Ficou a certeza de que o caminheirismo não precisa de muito. Basta a mochila às costas, o coração aberto e vontade de servir. Ficou também a convicção de que a luz que acendemos no Lumen não se apagará facilmente. Ela segue connosco, e tem a capacidade de se propagar, contagiando as nossas tribos, os nossos clãs e as nossas comunidades. É essa a nossa missão.
No final do dia, manteremos o Lumen aceso sempre que tivermos a ousadia de ser luz no mundo. E haverá melhor definição do caminheirismo do que essa?