São três dias intensos de jogos e brincadeiras que se transformam, há 12 anos consecutivos, em muitos sorrisos e sentimento de dever cumprido. As Férias de Campo permitem a crianças e jovens institucionalizados viver num sistema de patrulhas, em regime de acampamento, durante três dias na zona de Abrantes, distrito de Santarém.
A 12ª Edição da iniciativa contou com 15 caminheiros/companheiros e dirigentes na organização, durante um ano, de uma “mini semana” de férias para 21 participantes. Férias de Campo é uma atividade de Serviço, preparada e realizada por caminheiros para crianças de instituições de Abrantes, Região de Portalegre e Castelo Branco e este ano contou com a presença de caminheiros das regiões de Lisboa, Porto, Viseu, Portalegre-Castelo Branco e Setúbal.
Durante um ano todos se envolvem na preparação dos jogos e no levantamento de necessidades e pedidos de apoios a empresas e comércio para que sejam asseguradas todas as refeições durante a semana, higiene, materiais pedagógicos necessários e eventuais donativos para ajudar na logística da atividade.
Daniel Bento deixou-nos o seu testemunho da participação na atividade:
«Parece que foi ontem que fui pela primeira vez às Férias de Campo. Tal como as crianças, sorrisos breves, um receio e nervosismo normais de quem pisa aquele terreno pela primeira vez. Foi em 2010. Este ano, pela sexta vez e agora sem medos aceitei o desafio.
O funcionamento, o normal. Cabe-nos a nós preparar toda a actividade, trabalhar o imaginário, ter ideias para 3 dias de muita actividade, não só para os pequenos, também para nós. A alimentação também depende de nós, de nós, e de quem queira apoiar, dar o seu contributo. Certo é, que no final bate sempre certo.
Muitas estreias na tribo de animadores deste ano, mas nem por isso se deixaram intimidar. Setúbal, Porto, Viseu, Lisboa e PCB bem representados por um grupo de pessoas que até ao dia de se juntarem mal conheciam as pessoas com quem iriam trabalhar naquela semana. A noite de “team building” e o dia dos últimos preparativos passaram tão depressa que mal dei por mim já tinham chegado ao Olimpo os primeiros sorrisos, já quase todos bem conhecidos.
Depressa aquele espaço se encheu com 15 seres fantásticos que iriam tornar os dias seguintes bastante animados. E cansativos! Trouxeram com eles, além da energia, 3 animadores, 3 jovens mais velhos que nos deram uma mão naqueles dias, dois deles agora também são escuteiros na região de Santarém.
O primeiro dia iria acabar, depois das primeiras brincadeiras e muitas tarefas nos ateliers que lhes foram propostos, com todos a vermos o Hércules sob o céu estrelado. Nunca tinha visto um filme em que no final tivesse de sacudir tantas pipocas e açúcar da roupa. O problema de termos relógios diferentes uns dos outros é que enquanto eu ainda pensava “são só mais 5 minutos”, já havia pequenos aos saltos dentro das tendas. Alguns decidiram saltar a alvorada. Esperava-os um dia de caminhada com muitos jogos das aventuras de Hércules e praia.
“Amanhã já vamos embora?” perguntavam alguns. Pensem que assim não se cansam dos animadores e numa próxima vez matam as saudades todas. Jantar depois dos banhos, festa dos heróis depois do jantar. Os horários bateram sempre certo. Uma festa recheada de doces que os nossos pequenos heróis fizeram no dia antes, muita música e muita dança. Umas mini olimpíadas tomaram conta do espaço no último dia com as equipas a competirem nos vários jogos. Houve ainda tempo para pinturas faciais aproveitadas por grandes e pequenos. Eles aprovaram. Se assim não fosse não diriam “Pró ano quero vir outra vez”.
Foi bom trabalhar com uma tribo que desde cedo criou união e trabalhou em equipa para proporcionar os melhores dias possíveis aos pequenos. Disse o fundador “a melhor maneira de ser feliz é contribuir para a felicidade dos outros”. Enquanto o lucro forem sorrisos e abraços, eu estou feliz.»
Texto de: Rita Penela. Fotografia de: Joaquim Mendes.