As atividades de verão são o ponto alto do ano escutista para os agrupamentos e das secções e o momento mais importante do ano escutista sejam elas a participação num ACAREG ou numa atividade internacional como o Moot, que se realizou em Portugal, ou até nas atividades de agrupamento ou de secção.
São atividades que, depois de vários meses de preparação, reúnem Lobitos, Exploradores, Pioneiros, Caminheiros e Dirigentes em atividade. São experiências memoráveis, que marcam a vida de qualquer escuteiro, mas que por detrás delas envolvem um longo trabalho de preparação.
Estas começam a ser preparadas logo no primeiro trimestre do ano escutista [ou até mesmo muito antes disso quando se trata de atividades internacionais] através de ideias soltas e reuniões de secção onde surgem temas para imaginários que depois ganham forma nos conselhos de guias.
As atividades de verão são fomentadas por diversas dinâmicas realizadas nas secções e, ocasionalmente, em atividades de agrupamento ao longo do ano escutista criando-se assim um sentimento de antecipação e entusiasmo em todos os elementos do agrupamento pela atividade que se avizinha.
A Flor de Lis esteve à conversa com alguns elementos de diversos agrupamentos para perceber que atividades é que foram realizadas no final deste ano escutista.
O Agr. 571 Santo Amaro realizou no final de agosto a sua atividade itinerante, durante quatro dias, sob o imaginário “Por Caminhos Antigos Rumo ao Futuro” que levou o agrupamento a percorrer os caminhos reais à volta da Ilha da Madeira, mais precisamente numa caminhada realizada dos Prazeres ao Porto Moniz.
A chegada à sede para o início da atividade é sempre carregada de expectativa. Expectativa essa que vai sendo alimentada ao carregar a carrinha com o material necessário para a atividade e durante a viagem de autocarro animada pela cantoria alta e afinada dos caminheiros em direção à Calheta. Relembrado o imaginário da atividade, iniciaram a caminhada partindo dos Prazeres em busca pelas peças que construíram a máquina do tempo referida no imaginário.
Santiago Júnior, explorador no agrupamento, salienta que “durante a caminhada as paisagens pareciam diferentes do que quando as vemos de carro. As descidas eram difíceis, mas passados mais de 18 quilómetros o pensamento não me deixava desistir logo no primeiro desafio. Foi uma oportunidade de autoconhecimento que me fez tomar melhores decisões e derrubar as minhas limitações”.
A chegada ao Farol da Ponta do Pargo, depois de um dia desafiante, mais significativa não poderia ser. “Subir ao farol e ouvir o faroleiro contar a história deste com curiosidade, jantar ao pôr-do-sol, refletir sobre o primeiro dia de caminhada e sob o futuro que se avizinha para o escutismo seguido do descanso merecido sob o céu estrelado foi a melhor forma de terminar o dia”, concluiu Santiago.
Já Inês, também exploradora no agrupamento, afirma que o segundo dia de atividade foi o mais marcante uma vez que “as pernas doíam, mas estávamos todos bem-dispostos e entusiasmados por rumar a outro destino: o Porto Moniz.”
“O ritmo de caminhada abrandou, mas as paisagens eram ainda mais bonitas”, descreve Inês referindo que “às vezes cantavam, quando as forças o permitiam”. No entanto, o caminho de um escuteiro nem sempre é fácil e, chegada à Feira do Gado, Inês teve de fazer o resto do caminho até à Igreja do Porto Moniz na carrinha de apoio junto com os lobitos: “faltavam poucos quilómetros, comecei até a duvidar da minha resiliência, mas o apoio de todos fez com que aceitasse melhor a minha decisão”, confessa.
Com o descanso merecido e envolvidos em gargalhadas e no apoio uns dos outros, certamente a resiliência seria recuperada para o terceiro dia de atividade.
Já Leão, lobito no agrupamento, salienta o jogo de cidade pelos vários lugares do Porto Moniz feito em “família” (equipas com membros de todas as secções) como a sua memória preferida da atividade: “Fomos à Polícia e à Farmácia onde tivemos de tirar uma foto com um polícia e uma farmacêutica. O melhor foi ir às piscinas naturais do Porto Moniz e o Fogo Conselho Diverti-me muito.”
Como diz Leão, este “foi o melhor dia”, mas também há dias difíceis uma vez que “estava mais cansado e tinha muitas saudades de casa”. A saudade certamente pode ser uma parte importante da construção da máquina do tempo de cada um.
O quarto dia de atividade terminou com a participação numa cerimónia religiosa na Igreja do Porto Moniz repleta de emoção ao som de “Onde Deus Te Levar” cantada pelo coro da igreja e com sentimento de missão cumprida pela descoberta da última peça da máquina do tempo: a família.
Além das atividades de agrupamento dentro da própria região, há agrupamentos ou seções que visitam outras regiões do país como foi o caso da Expedição do Agr. 994 de Caxinas do Núcleo de Cego do Maio, Vila do Conde, que visitaram a região, sob o imaginário “Vaiana – Viagem pelo Mar” e o Lema – “Um coração valente e um espírito livre” partiram em busca do coração de Te Fiti para restaurar a vida e fortalecer a lealdade e amizade do grupo.
Ao longo dos vários locais por onde visitaram deixam um especial agradecimento ao Museu de Arte Sacra do Funchal, ao Monte Palace Madeira e ao Museu de História Natural do Funchal onde, em visitas guiadas, adquiriram muitos conhecimentos sobre a história da ilha, de Portugal e do Mundo.
O espírito livre da expedição 255 S. Domingos de Sávio garantiu-lhes alguns momentos de descontração através das visitas à Sé Catedral do Funchal, ao Santuário da Nossa Senhora do Monte, ao museu do CR7, ao Mercado dos Lavrados, pelo Cabo Girão, pelo Farol da Ponta do Pargo, pela Ponta Vigia, pelo Porto Moniz, São Vicente e aos infinitos miradouros destacando o Miradouro da Vila Guida, o Miradouro da Nazaré, o Miradouro do Pico da Torre e o Miradouro do Véu da Noiva.
Foram certamente muitos os quilómetros percorridos pela ilha à procura do coração de Te Fiti, levam na mochila “uma incrível experiência, histórias para contar repletas de paisagens lindíssimas, uma flora incrível e várias iguarias únicas da região”, garantem-nos os caminheiros que apoiaram a seção e afirmam que “apesar das várias caminhadas diárias realizadas, a vontade de todos é de um dia cá voltar”.
No entanto, a expedição do Agr. 994 de Caxinas do Núcleo de Cego do Maio não foi a única a partir à descoberta neste verão. A região também partiu em busca de novas experiências no arquipélago dos Açores com o Agr. 921 – Santa Cruz, a encerar o seu ano escutista entre jogos de cidade na cidade de Ponta Delgada, visitas ao Jardim Botânico António Borges, à plantação de Ananases, visitas às Lagoas das Furnas e das Sete Cidades, vivendo assim dias únicos com espaço para adrenalina nomeadamente arborismo e momentos de fé com a Eucaristia e até com simbólicas despedidas celebradas com os saltos à corda.
Os Pioneiros do Agrupamento 432 tiveram a oportunidade de experienciar de perto o que é a vida na aldeia de Gosende, no distrito de Viseu, onde aprenderam a fazer queijo, a cuidar dos animais, a trabalhar o feno e até a animar a Eucaristia para a comunidade local. Foram dias repletos de serviço à comunidade, de partilha em comunidade e de novas experiências que certamente deixarão na memória o fim do ano escutista.
No começo de setembro, a nível regional, os caminheiros sob o lema “Desafia-te a seguir Caminho”, deram início ao Rotas 2025, percorrendo os trilhos e levadas da Calheta sendo uma atividade que ficou marcada pelo serviço à comunidade na Paróquia da Atoguia onde se dedicaram a cuidar dos jardins e espaços envolventes a esta e onde foram desafiados a viver com desprendimento passando a noite ao relento, na praia da Calheta, seguindo-se o último dia com atividades náuticas e marítimas.
E tu que fizeste este verão? Também estás de mochila cheia para o novo ano escutista?