Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), o bullying trata-se de um conjunto de comportamentos agressivos entre pares, isto é, pessoas em posições sociais semelhantes, que “assume um padrão continuado, ocorrendo de forma repetida ao longo do tempo”, “pressupõe a existência de um desequilíbrio de poder entre vítima e agressor/a, o que coloca a vítima numa situação de maior fragilidade e vulnerabilidade” e “tem como objetivo causar mal-estar e sofrimento, humilhar e controlar a vítima”. No Movimento Escutista, os nossos valores de respeito mútuo, inclusão e relações saudáveis rejeitam situações de violência e abuso em todas as formas, quer seja físico, verbal ou psicológico. Ainda assim, na convivência entre pares podem surgir casos a que, enquanto educadores, devemos estar atentos.
Estivemos à conversa com Olga Cunha, antiga escuteira do CNE e psicóloga nos Serviços de Psicologia, Inclusão e Igualdade na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, que nos explicou os principais sinais de alguém está a ser alvo de violência: «Se a pessoa muda de comportamento, se se começa a isolar, a deixar de fazer as coisas que gosta, se a pessoa deixa de ir às atividades nos escuteiros, se começa a parecer que arranja algumas desculpas para não estar com os outros e sempre foi uma pessoa que se envolve, se há alteração de hábitos alimentares e do sono, se a pessoa anda mais cansada, isto tudo podem ser sinais de que alguma coisa não está bem».
Estas alterações de comportamento tanto podem indiciar uma situação de bullying, como outro tipo de violência. Olga salienta que é importante estarmos alerta para casos de violência no namoro, principalmente nas idades da III e IV Secção: «Se a pessoa começa a deixar de estar com o Clã e a não conseguir gerir o seu tempo de poder namorar, pode estar a ser vítima de violência. (…) Temos de estar atentos ao que é estar enamorado e o que é a pessoa começar a ficar mais triste e mais afastada.»
Perante a suspeita de que um elemento está a ser vitimado, Olga indica que «se o Dirigente for uma pessoa que sinta que está mais próxima do seu elemento, eu acho que deve falar com a pessoa à parte e perguntar se está tudo bem, mostrar interesse, criar um espaço seguro», ou então «se sentir que há outros Dirigentes ou outras pessoas que estão mais próximas do elemento em questão, deve atuar através dessa pessoa». A psicóloga sugere, também, a realização de ações de sensibilização, dinâmicas e jogos em unidade ou agrupamento «que permitem que se fale no assunto sem expor ninguém», para que os jovens passem a estar munidos das ferramentas para identificar situações de violência e as vítimas se sintam apoiadas a reportar o caso.
No caso de estarmos perante uma situação de violência dentro da nossa associação, a Estrutura de Suporte E:MS está encarregue de abordar, documentar, reportar e reagir a preocupações ou ocorrências que possam ameaçar a segurança dos escuteiros. Para tal, está aberto um canal de comunicação para que todos, sejam ou não associados do CNE, possam reportar preocupações ou ocorrências no âmbito da proteção e segurança de crianças e jovens – abusos, bullying, cyberbullying, comportamentos aditivos ou qualquer outra ameaça ao ambiente seguro – através do formulário disponível aqui. Podes, também, recorrer à APAV, que disponibiliza apoio gratuito e qualificado tanto a vítimas de bullying como aos seus familiares e amigos através da Linha de Apoio à Vítima (116 006, chamada gratuita disponível em dias úteis das 09h às 21h) ou em qualquer Gabinete de Apoio à Vítima da APAV (acede aos contactos através deste link).