Serão + Pontes: Perceber o ‘contexto’ é a chave para sermos melhores

Seis oradores, seis pontos de vista – pessoais e profissionais –, seis vivências para uma mesma conclusão: Cada um de nós, com um contexto próprio – de vida, de experiências, de relacionamentos, de circunstâncias – é único, e para percebermos a pessoa, teremos de compreender o contexto. E o contexto não é apenas o que se vê, é muito mais do que isso. 

A 1 e 2 de fevereiro, em Condeixa, foram várias as oportunidades formativas – de formação inicial, de enriquecimento, de formação contínua e até de preparação internacional – disponíveis para os dirigentes e candidatos a dirigentes da Região de Coimbra do Corpo Nacional de Escutas (CNE). Mas os escuteiros abriram, também, à comunidade dos não escuteiros a hipótese de beneficiarem da Convenção, no momento ‘Serão + Pontes com…’, que aconteceu no Conimbriga Hotel do Paço, no sábado, das 21h30 até à 1h da madrugada e que contou com a participação de 130 pessoas de toda a região escutista de Coimbra.

O contexto como elemento imprescindível para a compreensão e para a relação com o outro foi mesmo a grande ideia fundamental que atravessou todo o ‘Serão + Pontes com…’. A psicóloga clínica Sónia Araújo apresentou a sua abordagem sobre ‘Nós e a relação com os outros’. E foi a primeira a valorizar a ideia que é preciso descodificar e respeitar o contexto da outra pessoa com quem nos relacionamos. “Se analisarmos bem, veremos que há poucas coisas fundamentais e relevantes na nossa vida, que nos condicionam, que resultem, de facto, de escolhas nossas!”, afirmou Sónia Araújo. 

O campeão paralímpico Diogo Cancela partilhou o seu ponto de vista sobre o foco como peça chave para que “Não existam obstáculos quando acreditamos”. O nadador campeão, de Miranda do Corvo, deu testemunho do seu percurso de vida, e de como a amputação de um braço aos três anos nunca o condicionou. Aos cento e trinta participantes no ‘Serão + Pontes com…’ Diogo Cancela contou que colocou a fotografia da medalha paralímpica e do seu principal adversário na tela do seu telemóvel para se focar no seu objetivo. “Um amigo meu, um dia, disse-me que em vez de por medo evitar falar da medalha paralímpica eu deveria falar, porque enquanto eu não falar dela ela não existirá! Assim fiz e isso ajudou mesmo muito”, testemunhou Diogo Cancela. 

O Padre Rodolfo Leite, pároco da Unidade Pastoral da Mealhada foi outro dos oradores da noite. O sacerdote, que coordena o secretariado da ação social da diocese de Coimbra, abordou o tema “Quando sou fraco, então é que sou forte!”. Debruçando-se sobre as fragilidades de cada pessoa, o respeito, por um lado, e o apoio à superação, por outro, o Padre Rodolfo Leite chamou a atenção para a necessária apreciação e descodificação do que é o contexto de cada, para, assim percebendo melhor a pessoa, a poder acolher e ajudar.  

João Antunes dos Santos, Deputado da Nação, eleito pelo PSD no círculo de Leiria, debruçou-se sobre “Ser parte ativa na Comunidade”, dando o testemunho do seu percurso pessoal, do seu próprio contexto no caminho cívico e associativo que perseguiu até ao dia de hoje.

“Voar sem asas” foi o tema de André Patrício, escuteiro, missionário dos Leigos para o Desenvolvimento e viajante. O antigo escuteiro de Pombal tornou-se missionário dos Leigos para o Desenvolvimento e trabalhou em São Tomé e Príncipe e a seguir Moçambique. Deu testemunho do seu percurso neste país e também da decisão de regressar a Portugal, com a sua esposa, de carro, percorrendo o continente africano. O registo fotográfico de André Patrício, nesta viagem pelo continente de que todos têm uma imagem que julga correta, mostrou à plateia uma realidade muito diferente, com um contexto próprio que é precipitado julgar.  

O Cónego Nuno Santos, professor, escuteiro e capelão da Universidade de Coimbra foi o último dos intervenientes e abordou o tema “Cristão hoje! Todos, todos, todos!?’. O sacerdote e académico, numa intervenção com forte testemunho pessoal, debruçou-se sobre o acolhimento que a Igreja e o Escutismo Católico, em particular, para dar nota de que há, ainda, muito a fazer em termos de acolhimento. “Há muitos aspetos em o acolhimento é possível e as pessoas acreditam que não é… e nem sequer questionam!”, afirmou, apelando ao sentido critico de cada um.

“Foi uma grande oportunidade de reflexão, de trabalho de pensamento critico e de transformação para que o Escutismo seja uma oportunidade de crescimento das crianças e dos jovens com cada vez mais qualidade, mais rasgo e mais potencial de mudança!” avaliou Nuno Castela Canilho, chefe regional de Coimbra do Corpo Nacional de Escutas. A Junta Regional de Coimbra faz uma avaliação muito positiva deste serão e do impacto que terá nos 130 participantes – maioritariamente escuteiros adultos (dirigentes e caminheiros) – que assistiram à sessão.

Todo o ‘Serão + Pontes com…’ foi pontuado por momentos musicais, interpretados pelos escuteiros Guilherme Coelho e José Cruz, do Agrupamento CNE/163 Santa Cruz, da cidade de Coimbra.