Henriette Camara nunca tinha vindo à Europa nem a um Sínodo, e está particularmente contente pela sua participação aqui. «Cheguei tarde, mas fui muito bem recebida, como se estivesse em casa. Estávamos todos juntos com bispos e cardeais, e com o Papa!, senti-me muito emocionada no início, foi avassalador estar com tantos bispos e com o Papa», referiu a jovem em conferência de imprensa.
À margem da conferência de imprensa, a jovem falou para a Flor de Lis e explicou como chegou até ao Sínodo. «O convite chegou através do assistente espiritual mundial, Pe. Jacques Gagey, que reencaminhou esse convite para que estivesse aqui no Sínodo um jovem, para falar em nome dos escuteiros, porque sabemos que o Movimento Escutista está bem presente na Igreja. Foram enviados convites a vários países e a Guiné-Conacri respondeu, de acordo com os critérios propostos, e fui eu a selecionada. Estou cá em nome dos jovens escuteiros do mundo», referiu a jovem.
Henriette não tem uma história convencional. Nascida e educada numa família muçulmana, foi a convivência com o escutismo católico que a aproximou da fé em Jesus Cristo. «Eu fui acolhida por este movimento, apesar de não ser cristã, porque era muçulmana; depois, no seguimento dos meus estudos, fui acolhida por uma família cristã, que acompanhava à Igreja, todos os domingos – os filhos e os meus amigos. Pouco a pouco, comecei a amar o próprio Cristo, sem que me tivesse apercebido.
Depois, assisti a algumas atividades e a um campo que os escuteiros organizaram no meu país; no regresso, aderi ao movimento e fui acolhida sem discriminação, sem ter em conta o que eu tinha sido», afirma, orgulhosa.
Este acolhimento, que tem sido muito abordado neste símbolo, é uma das faces mais visíveis do movimento escutista, que, na Guiné e em várias partes do mundo, se insere muito na vida eclesial. «O próprio movimento permitiu-me avançar ainda mais em relação a Cristo: a catequese, o Batismo, a Confirmação, conhecer a Eucaristia. Tudo isto aconteceu graças ao movimento, portanto, onde quer que eu vá, mostro orgulho em ser escuteira, e tenho orgulho de representar este movimento, agora, no Sínodo dos Bispos, a convite do Papa», afirmou à Flor de Lis.
Esta jovem considera que os jovens querem «ser escutados, ter o nosso lugar, como jovens, nas várias paróquias, dioceses», e é por isso que vieram ao Sínodo transmitir as suas preocupações e as dos «jovens que não puderam vir», e Henriette garante que lhe foi dito, pelos bispos e padres sinodais, que «é preciso que os jovens estejam cá, que lhes demos espaço, o seu tempo de liberdade, para que eles se possam exprimir e dizer o que eles sentem, mais profundamente». Neste sentido, explicou que os participantes no sínodo fizeram questão de ir falar com ela e de a «encorajar» e dar as boas-vindas ao movimento escutista ali no Sínodo, sinal da importância que este movimento «e outros que estão cá representados».
Sobre a importância da ligação do escutismo à Igreja Católica ou à religião, que nem sempre é bem acolhida em alguns países, Henriette Camara afirmar que o «escutismo é um movimento de serviço, certamente, mas conhecer mais e melhor Jesus Cristo é incomparável». «Não podemos viver sem rezar», concluiu.
A reportagem do Sínodo dos Bispos é realizada em parceria para a Flor de Lis, Agência Ecclesia, Família Cristã, Rádio Renascença e Voz da Verdade.
Texto e fotografia de: Ricardo Perna.