Ao longo deste ano escutista, todos os guias são convidados a explorar a importância do cuidado pessoal, da atenção aos outros e da prevenção de situações de risco, refletindo sobre como ouvir sem julgar, intervir de forma adequada e promover ambientes de empatia e respeito. A dinâmica do ENG pretende, assim, transformar o tema numa experiência formativa prática, criando espaços de diálogo e capacitando os jovens para reconhecer sinais de sofrimento emocional, apoiar os seus pares e reforçar comportamentos saudáveis nas suas comunidades.
O objetivo é que cada guia se torne um agente de mudança nos seus agrupamentos, núcleos e regiões, contribuindo para uma cultura associativa que valorize a saúde psicológica e combata o estigma. A participação ativa dos agrupamentos, mesmo daqueles que não enviem guias aos encontros regionais e nacional, é essencial, não apenas para assegurar um processo de trabalho verdadeiramente participado, mas também para fortalecer o Envolvimento Jovem a nível local.
Acede ao documento orientador do TNC, que contém dinâmicas e ferramentas para trabalhar a saúde mental pensadas para cada secção, através deste link!
As conclusões de 2024/2025
Um ano depois de trabalharem o “Escutismo: Movimento Seguro” como Tema Nacional de Consulta, os guias das quatro secções apresentaram, no passado Conselho Nacional Plenário de 8 e 9 de novembro, as conclusões do trabalho desenvolvido nos agrupamentos, núcleos e regiões, culminando no Encontro Ibérico de Guias 2024/2025, realizado a 10 e 11 de maio no Centro Nacional de Atividades Escutistas, em Idanha-a-Nova. A discussão, integrada no imaginário “Zootrópolis”, permitiu aprofundar práticas, esclarecer dúvidas e construir propostas concretas que reforçam a segurança emocional, física e digital de todos os elementos, desde Lobitos a Dirigentes.
Entre os mais novos, os Lobitos mostraram já ter assimilado várias boas práticas, desde o alerta para os perigos da internet ao reconhecimento de situações de bullying, passando pela importância de avisar um adulto de confiança em caso de perigo. Para os animadores, o principal desafio passa agora por criar estratégias que estimulem a aplicação desses conhecimentos na vida diária, sem limitar a autonomia dos mais pequenos. Ainda assim, surgiram sinais de alerta, como o facto de 20% dos Lobitos referirem que partilham a tenda com o chefe, contrariando as diretrizes do E:MS, evidenciando a necessidade de reforço junto das equipas de animação.
Na II Secção, a discussão centrou-se em temas como confiança, relações saudáveis, dependências, bullying e internet segura. Os guias concluíram que todas as situações são oportunidades de aprendizagem e que a confiança entre elementos, com a patrulha e com os chefes é essencial para o crescimento seguro. Destacaram a importância de relações baseadas no respeito e na liberdade, bem como o impacto das dependências (drogas, álcool e até tecnologia) na saúde emocional. Relativamente ao bullying, reconheceram a urgência de criar ambientes verdadeiramente inclusivos, onde a vítima encontre suporte e o agressor seja acompanhado de forma educativa. No plano digital, sublinharam que proteger dados pessoais e evitar interações com desconhecidos é fundamental para garantir segurança online.
Já os Pioneiros aprofundaram questões mais complexas, desde a segurança emocional à gestão de conflitos, passando pelo consentimento, pressão dos pares, abuso de poder e comunicação clara sobre o próprio E:MS. As propostas apresentadas refletem um entendimento profundo das dinâmicas de grupo e da importância da liderança responsável. Entre as sugestões destacam-se workshops sobre consentimento, momentos regulares de partilha emocional, formação para guias e chefes sobre bullying, mediação e dinâmicas de poder, além da criação de canais confidenciais para sinalização de casos. Os guias apelaram ainda à necessidade de clarificar o Escutismo: Movimento Seguro junto dos Pioneiros, combatendo preconceitos e evitando a banalização do tema, muitas vezes transformado em motivo de piada por falta de compreensão.
Na IV Secção, os Caminheiros abordaram o tema de forma crítica, evidenciando lacunas na comunicação e a necessidade de ferramentas práticas que ajudem os jovens a agir em situações concretas. Defendem mais formação, mais espaços de debate e uma explicação clara e direta do E:MS, adaptada às idades e às especificidades de cada secção. Apontaram temas como o uso consciente das redes sociais, os comportamentos aditivos, a segurança nas atividades, a inclusão e educação sexual, e o bullying como áreas onde ainda subsiste insegurança sobre o que fazer na prática. Manifestaram ainda preocupações sobre normas que consideram pouco claras ou demasiado rígidas, apelando a que o E:MS seja entendido como uma linha orientadora e não como um regulamento.
As conclusões gerais destacam a necessidade de reforçar a comunicação direta com os jovens, clarificar o papel formativo do E:MS, promover ambientes de escuta empática e valorizar o exemplo dos guias e dirigentes como referências para a segurança, confiança e crescimento das unidades. É praticamente unânime o reconhecimento da importância da equipa “Segura-te!”, valorizada como ponte de apoio e esclarecimento, pedindo-se a sua presença reforçada em encontros regionais e nacionais.
Podes encontrar o documento onde constam os resumos completos das conclusões por secção neste link.