Se lá estivesse um escuteiro acredito que a história a contar seria diferente!, já dizia Baden Powell e, neste caso, fez mesmo a diferença. No primeiro dia do ano 2015 a Joana, pioneira do agrupamento 461 do Feijó, seguiu os seus instintos e mudou o final da história de uma vizinha de 91 anos que vivia sozinha.
No dia em que visitava a sua própria avó, Joana reparou na luz acesa e nuns barulhos estranhos que vinham da casa da vizinha. Devido ao adiantado da hora e ao facto da idosa viver sozinha a pioneira comentou a sua estranheza com os restantes adultos que a aconselharam a desvalorizar o sucedido.
Não conformada com a resposta a Joana voltou à casa da vizinha e tentou perceber de forma mais proativa se tinha acontecido alguma coisa. E, de facto, tinha mesmo acontecido algo. A vizinha da avó da Joana, com 91 anos, tinha caído no quintal ainda durante a tarde e estava, desde então, a tentar, rastejando, chegar até à porta principal.
A Joana conseguiu saltar o muro ajudar a senhora e desbloquear a porta principal permitindo aos adultos entrarem e apoiarem a idosa que se encontrava no chão e já em estado de hipotermia. Mais uma vez, contrariando a opinião dos presentes, a Joana foi persistente, chamou o 112 que acorreu ao local e transportou a idosa para o hospital.
Manuel Casanova, chefe de unidade da comunidade da qual a Joana faz parte, não quis deixar de sublinhar o ato da pioneira e transformar este momento numa oportunidade educativa.
No passado sábado, 30 de maio, foi dia de destacar a atitude corajosa da Joana. “Todos nós somos constantemente invadidos por notícias da comunicação social de pessoas idosas que vivem sozinhas e morrem por falta de assistência. Se a senhora não tivesse sido socorrida naquele momento pela Joana muito provavelmente não estaríamos hoje aqui a noticiar uma medalha de heroísmo mas mais uma trágica notícia.”, constatou Manuel Casanova.
A Joana foi surpreendida pela entrega da medalha de heroísmo pelas mãos do Chefe Nacional, Norberto Correia, na presença da Chefe Regional Adjunta de Setúbal, Margarida Chagas, e de toda a comunidade num dia também marcado pelas promessas do agrupamento.
“Acho que o facto de sermos escuteiros significa que já temos algo de diferente em nós e foi essa combinação que me fez agir assim. Não somos escuteiros só quando usamos o uniforme ou aos sábados, somos sempre e não devemos ter vergonha de sermos bons”, contextualizou a Joana ainda aturdida pelo momento.
Texto e fotografia de: Ana Silva.