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O Corpo Nacional de Escutas (CNE) divulgou esta manhã um comunicado onde explica a sua colaboração com a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica, em Portugal.
O CNE colaborou com o trabalho desenvolvido pela Comissão Independente, a nível nacional da associação, reportando toda a informação que dispunha sobre as situações ocorridas em contexto escutista. Das informações partilhadas, foi possível apurar 19 situações. No âmbito da investigação da Comissão Independente, foram reportadas sete situações que não era do conhecimento do CNE.
Neste sentido, o Corpo Nacional de Escutas procurou imediatamente obter informações sobre os casos reportados, para que desta forma a proteção das crianças e jovens que estão ao cuidado do CNE esteja em primeiro lugar. Como refere o comunicado do CNE, o principal objetivo é «aprofundar a proteção das crianças e jovens ao nosso cuidado, apoiar as vítimas, rever processos sempre que necessário e intervir junto dos alegados agressores.»
Assim sendo, para conhecer mais aprofundadamente os casos reportados que não eram do seu conhecimento, o CNE reuniu a semana passada com a Comissão Independente e com o Grupo de Investigação Histórica, para que fossem transmitidas informações adicionais sobre os casos que não eram do seu conhecimento.
Como explica o CNE «das sete situações, verificamos que uma delas coincide com um caso do qual já tínhamos registo e identificámos um caso em que o alegado agressor já faleceu.» No mesmo comunicado, a associação explica que «dos restantes cinco casos, dois parecem partilhar um alegado agressor comum que já não se encontra no ativo e um outro em que, fruto da colaboração direta de uma vítima que entrou em contacto com o CNE, foi decidido suspender preventivamente o alegado agressor; em ambas as situações está atualmente a decorrer o processo interno de averiguação, para decisão em sede de processo disciplinar e outras medidas consideradas pertinentes.»
Os restantes dois casos, ocorreram na década de 60 e 70, nas dioceses de Lisboa e do Porto, não sendo para já possível identificar os alegados agressores. O CNE continua a desenvolver esforços para chegar à sua identificação e clarifica «em ambos os casos, embora os alegados agressores sejam padres com ligações ao escutismo, a informação obtida indicia que os abusos sexuais não ocorreram em contexto de atividade escutista, informação que acreditamos já constar nas listas entregues pela Comissão Independente a cada diocese.»
Desde 2016 que o CNE tem criado ferramentas para a sua estrutura de suporte, através do «Escutismo: Movimento Seguro» (disponível neste link), com uma linha de reporte, sempre disponível para acolher o testemunho, das vítimas ou de qualquer outra pessoa que pretenda reportar estas ou outras situações. Segundo o CNE, «o cuidado pelas vítimas do passado ou do presente será sempre a prioridade da sua ação, não deixando de agir com diligência com os possíveis agressores».
O «Escutismo: Movimento Seguro» continua com campanhas de sensibilização e a formar todos os seus voluntários, quer nas áreas de abusos, como também de bullying, dependências e outras situações que coloquem em risco a segurança das crianças e dos jovens.
O Comunicado do CNE termina com uma referência à Carta ao Povo de Deus, publicada a 20 de agosto de 2018, pelo Papa Francisco, em que refere que «com vergonha e arrependimento» a comunidade eclesial não soube «estar onde deveríamos estar, que não agimos a tempo para reconhecer a dimensão e a gravidade do dano que estava sendo causado em tantas vidas.» O CNE assume que «tudo queremos fazer para que o Escutismo seja um lugar seguro, que cuida, acolhe e acompanha cada um dos seus membros, a começar pelos pequeninos, que Cristo coloca no centro da sua e nossa atenção.»
Texto: Cláudia Xavier
Fonte: Comunicado de Imprensa do CNE, publicado a 24 de março de 2023
Fotografia: Gonçalo Pinto
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