CNE presente na 16ª edição do Eurosea na Chéquia
Dois Dirigentes do CNE marcaram presença no 16º Eurosea, um seminário de Escutismo Marítimo, que se realizou entre 18 e 23 de setembro em Znojmo, Chéquia.
José Milhazes é jornalista, escritor e comentador, conhecido pelo seu trabalho enquanto correspondente em Moscovo durante várias décadas. Na sua infância, foi escuteiro, na Póvoa de Varzim, até ingressar no Seminário.
Flor de Lis (FL): Onde é que surgiu, na sua vida, o Escutismo e onde é que foi escuteiro?
José Milhazes (JM): Eu fui escuteiro no agrupamento da paróquia de Nossa Senhora da Lapa, da Póvoa de Varzim. A paróquia de Nossa Senhora da Lapa era, naquela altura, onde viviam essencialmente famílias de pescadores e foi aí que eu me comecei a interessar pelo Escutismo. Como todas as crianças, uma das atrações [dos escuteiros] era a forma como estavam fardados, os acampamentos, as viagens. Foi isso que me levou a aderir aos escuteiros. Fui Lobito, inclusive no meu livro publiquei uma foto dessa altura, em que era Lobito, com a farda. E depois fui ficando até chegar a Explorador. Depois afastei-me porque, entretanto, fui estudar para o Seminário e não tínhamos organizações de escuteiros. Por isso acabei por me desligar, apesar de ainda guardar em casa o cinto de Lobito. Está sagradamente guardado em casa, como recordação desse tempo, que me ensinou muito.
FL: Quais são os melhores momentos que guarda [desse tempo]?
JM: Os melhores momentos que guardo são, por exemplo, a ida nas procissões e, claro, os acampamentos. Os acampamentos eram momentos de liberdade, até de aventura. Como podem imaginar, aquela organização de escuteiros não tinha grandes possibilidades económicas. Por exemplo, lembro-me de que uma das nossas idas a Vermoim, que fica no concelho de Famalicão, mais ou menos a 30 quilómetros da Póvoa, em que nós, um pequeno grupo, tivemos de ir de madrugada à boleia para poder ir ao acampamento. Naquela altura, os transportes também não eram o que são agora. Acabámos, depois de muita espera, por ir em cima de um camião carregado de couves e não imaginam, estava um frio desgraçado [risos].
Mas foi curioso, porque estavam muitos jovens de várias zonas do País, o acampamento era bastante grande e, como o nosso Chefe, dessa vez, não veio connosco, decidimos ir sempre pelo mais fácil, que foi montarmos a tenda, não prevendo que ia chover. Era verão, qual chover qual carapuça, nem pensar nisso. E não é que a meio da noite desata a cair uma chuva torrencial? E claro que nós ficámos todos a nadar, ao ponto de, no dia seguinte, estarmos de mãos a abanar, sem saber o que fazer, à volta da fogueira, a secar a roupa. Eu estraguei os meus sapatos de veludo, que a minha mãe me tinha comprado de propósito. E então, o que aconteceu? Decidimos pedir comida pelas portas, porque não tínhamos mesmo nada, e a verdade é que arranjámos muito (comida e dinheiro), e dinheiro que até nos permitiu voltar para casa de camionete. Mas [o Escutismo] tinha estas coisas engraçadas, que foi negligência nossa, mas também próprio dos jovens que não têm um Chefe para acompanhar e entram em autogestão.
FL: O que é que acha que o Escutismo trouxe para a sua vida profissional?
JM: Fundamentalmente, trouxe o espírito de convivência com os outros. Esse penso que é o principal resultado da minha passagem pelos escuteiros, o trabalho em grupo, a solidariedade, porque se acontecia alguma coisa, nós ajudávamos não só uns aos outros, mas também a terceiros. E, principalmente, foram estas qualidades que tirei na passagem por essa organização.
FL: Agora que fazemos 100 anos de movimento, que mensagem gostava de deixar ao CNE e aos escuteiros?
JM: A única mensagem que eu gostava de passar aos escuteiros é que eles continuem ativos. Não se deixem embarcar por modernices, às vezes, manter a tradição pode parecer um tanto ou quanto piroso, mas há tradições que é preciso manter. Nesse sentido, o apelo que deixo aos escuteiros é que continuem a invocar a solidariedade com os outros, o apoio aos mais fracos, que no fim de contas penso que são dois grandes princípios do Escutismo que vale a pena manter vivos e desenvolver.
Entrevista: Matilde Gonçalves e Cláudia Xavier.
Dois Dirigentes do CNE marcaram presença no 16º Eurosea, um seminário de Escutismo Marítimo, que se realizou entre 18 e 23 de setembro em Znojmo, Chéquia.
Aconteceu no dia 29 de setembro, em Santarém, a apresentação pública das expedições do Explorer Belt e a entrega dos respetivos cintos.
Decorreu entre 20 e 22 de setembro em Espanha, na cidade de Huelva, a Cimeira Ibérica e reunião do Projeto Caminho Seguro.
Entre os dias 20 e 22 de setembro, o Museu do CNE esteve presente na XIV exposição internacional de filatelia escutista, a EuroScout.
© 2022 escutismo.pt Desenvolvido por Brand by Difference
Este site usa cookies para que possamos oferecer-lhe a melhor experiência possível. As informações das cookies são armazenadas no seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você volta ao nosso site e ajudar a nossa equipa a entender quais as seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Mais informações sobre nossa Política de Privacidade
As cookies estritamente necessárias devem estar sempre ativas para que possamos guardar as suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar esta cookie, não podemos guardar as suas preferências. Isso significa que sempre que você visitar este site, precisará ativar ou dasativar as cookies novamente.