Depois do primeiro e segundo artigos de reflexão sobre a Lei do Escuta, apresentamos o terceiro artigo da Lei, a partir da explicação que o próprio Baden-Powell apresentou aos caminheiros, no livro que lhes dedicou: A Caminho do Triunfo, editado pela primeira vez em 1922.
Ainda sob o efeito da onda de choque, que se abateu sobre todos os cidadãos de França, da Europa e do Mundo, tendo como epicentro Paris, berço da democracia moderna, a partir da trilogia: Liberdade, Igualdade e Fraternidade que, desde 1789, ilumina o percurso de cada cidadão, mas, também, porque na cidade da Luz se sucederam três inenarráveis tragédias, que provocaram 129 mortos e 352 feridos, cerca de 80 com muita gravidade.
Em nome de nada, nem sequer de um punhado de moedas, estes sete ou nove terroristas, tornaram-se os carniceiros de Paris, destruindo os sonhos de milhares de famílias, semeando o terror e o ódio em nome de um egoísmo sórdido.
Infelizmente, este contexto vem reforçar, ainda mais, a importância dos dois artigos da Lei do Escuteiro destinados a esta crónica, que se focalizam nas relações com os outros à luz dos valores do serviço gratuito e da amizade:
3º artigo – O Escuta é útil e pratica diariamente uma boa ação
«Como caminheiro o teu objectivo supremo é SERVIR. Sempre se pode confiar em que estarás pronto a sacrificar tempo, comodidades ou, sendo preciso, a própria vida, pelos outros.
O sacrifício é o sal do Serviço do Próximo.»
Este artigo convoca o sentimento do dever do Serviço gratuito ao próximo, promovendo o seu bem-estar, ajudando-o a superar as suas dificuldades, sentindo com ele os dissabores que a vida nos dá.
Este modo de vida, que se vai interiorizando no coração da criança e do jovem, através da prática de, pelo menos, uma boa ação diária, tem que ser vivido com o espírito de Madre Teresa da Calcutá: «o importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá» na certeza que se «não podemos fazer grandes coisas; apenas pequenas coisas com muito amor», desta forma, quando for adulto saberá que «temos de ir à procura das pessoas, porque podem ter fome de pão ou de amizade». Assim, aos poucos, o jovem escuteiro vai-se tornando um verdadeiro cidadão solidariamente ativo em prol do bem comum.
Texto de: Carlos Alberto Pereira. Imagem de: Direitos Reservados