Há dias, o mundo deparou-se com a imagem de uma jovem escuteira checa a protestar contra manifestantes da extrema-direita do seu país.

A fotografia impressionou tanta gente que me fez pensar se realmente se conhece os valores que defendemos e o trabalho que realizamos a cada segundo nos quatro cantos do globo.

O escuteiro não é só aquele que vende bolos e rifas, mas, como pudemos ver, é aquele que quer mudar aquilo que vê estar mal à sua volta; é aquele que defende os valores e princípios que aprendeu nos acampamentos, nos raids e nos jogos com os seus irmãos escutas; é aquele que sabe que tem um papel importante na sociedade e que é seu dever contribuir positivamente para ela.

Os valores que adquirimos e defendemos, tais como o respeito pelo próximo, a igualdade, a diversidade, a inclusão, a lealdade, a honestidade ou compaixão levam-nos a lutar de maneiras diversas para o mesmo fim: um mundo melhor. E foi nesse sentido que esta jovem se manifestou contra aquilo em que não acredita ser uma maneira de o mundo viver em paz. Mundo esse que necessita de todos nós a remar no mesmo sentido, mundo esse que precisa de uma diversidade para se completar, mundo esse que não pode excluir ninguém, mundo esse que temos de ser nós todos a construir e a lutar por ele.

Saber que somos 40 milhões pelo mundo fora, a contribuir para a paz, em tantas áreas diferentes. Saber que estes tantos milhões se reúnem com regularidade e que todos utilizam o mesmo método, o que o nosso fundador, Baden-Powell, nos ensinou. Saber que dentro do mesmo movimento se praticam diversas religiões e que todas são aceites como iguais. Saber que não é a condição sócio-económica que impede alguém de pertencer ao movimento. Que conseguimos integrar indivíduos muitíssimo diferentes, e que estes, em conjunto, realizam um trabalho melhor e mais eficaz, por aprenderem uns com os outros e utilizarem as suas capacidades em prol de todos. Saber que a diversidade é aquilo que nos une e tanto caracteriza, pois precisamos do conhecimento, da vontade e, sobretudo, do serviço de cada um, para edificar este projecto que BP tinha em mente, e que reside em cada um de nós: deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrámos.

Hoje em dia parece difícil, não é? Nós temos esperança e começamos desde a hora em que nos levantamos. Desde a nossa boa ação diária ao salvamento de vidas humanas e animais, passando pela ajuda humanitária que prestamos em tantos países, ao distribuir alimentos aos mais carenciados, ao animar o hospital ou o lar de idosos, ao recolher o lixo da praia e da floresta, ao construir casas e escolas, ao retirar crianças da rua e dar-lhes um teto, alimentação e educação, passando pela manifestação pública dos valores que defendemos.
E mais um milhão de exemplos poderia dar, e todos nos fariam honrar o lenço que temos ao pescoço.

Texto de: Joana Bacelar. Fotografia de: DR.

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