Os 85 anos da Lis dão que pensar! São poucos os periódicos que sobrevivem tanto tempo. Fiquei a pensar no que distingue a Lis de outras publicações, que todos os dias encerram.

A resposta é óbvia: tem sido feita por “gente de serviço” e não por voluntários. Talvez importe distinguir estas duas categorias: os voluntários e os que se entregam ao serviço.
Um voluntário dedica generosamente o seu tempo livre a uma actividade. Divide-se entre a sua profissão, a família, mil e um afazeres, e consegue encaixar essa actividade nas suas tarefas. Acontece com frequência que os voluntários abandonem as suas tarefas quando deixam de ter tempo, quando os seus afazeres familiares ou profissionais se sobrepõem às actividades a que se dedicavam. Aquele que se dedica a uma actividade com espírito de serviço, entrega-se ao que faz, colocando as suas obrigações e deveres a par das que lhe preenchem o espaço familiar e profissional. Tipicamente, não abandona o seu serviço por falta de tempo, na mesma medida em que não abandona a profissão ou a família por falta de tempo.

Acabámos de aprovar para o CNE um Programa Educativo elaborado e exigente, que exige dos seus Dirigentes um trabalho continuado de estudo, aprofundamento de conhecimentos e acompanhamento contínuo da vida dos nossos escuteiros. Para que sejamos capazes de produzir resultados eficientes, temos de apostar em equipas de Dirigentes estáveis. Essa estabilidade, a meu ver, só será conseguida com Dirigentes que se entregam ao CNE com espírito de serviço. A boa vontade do voluntariado será boa para momentos de animação, mas não para o nosso ambicioso programa de educação. Os 85 anos da Lis devem servir-nos de inspiração. Um projecto continuado, como este, consegue-se com a determinação do serviço e não com os remendos do voluntariado.

Precisamos, agora, de ter inteligência para formar Dirigentes capazes de discernir o que é servir, de ter a capacidade de orientar os adultos que estão em funções e de executar Programas de actividades que tenham a humildade de apostar na qualidade, para que possamos contar com os nossos melhores recursos, sem os esgotar numa quantidade de actividades em que um serviço de qualidade se torna impraticável. É por isto que me parece ser legítimo defender que o CNE não precisa de voluntários! “Voluntário” vem do latim “voluntas”… é o que tem vontade de fazer qualquer coisa. Nós precisamos dos que servem, dos que se entregam à missão de implementar um Programa Educativo mesmo quando a vontade falta.

Texto: João Costa /// Ilustração: Pedro Alves

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