Neste 23º Acanac, a delegação israelita é a maior representação internacional presente, com 50 elementos.

Nunca tinham estado em Portugal (é a primeira vez que uma delegação israelita participa num Acanac) e, para aqui chegarem, tiveram de ultrapassar alguns desafios. “O nosso chefe falou-nos desta atividade, mas para participar tínhamos que fazer uma prova. Quem ultrapassou o desafio, está cá”, diz Maya Cohen que, com as companheiras, não esconde a satisfação por estar num país que não conhecia, mas que a está a deslumbrar.

Se o espírito escutista ultrapassa povos e culturas, o convívio com os escuteiros portugueses já mostrou a estes israelitas as diferenças na forma de fazer escutismo nos dois países. Amit Ashkar diz que “os uniformes, o progresso e as insígnias são muito diferentes… além disso, nós cozinhamos com fogo e aqui utiliza-se o gás”.

“Aqui todos dormem nas tendas, mas em Israel dormimos ao ar livre, nos sacos-cama, a olhar as estrelas”, acrescenta Imri Golan.
A responsável do grupo conta-nos que, em Israel, todo podem entrar para os escuteiros independentemente da sua identidade religiosa. “Todos podem estar connosco, ser cristão, judeu ou muçulmano não exclui ninguém”, diz Shiran Siboni, a responsável pelo grupo que nos convida a participar no Kiddush, uma tradição judaica ao cair da noite.

“É uma bênção para santificar o Shabat” que é “o descanso semanal para os judeus, a simbolizar o sétimo dia da criação”, acrescenta Shiran Siboni, que nos convida a participar neste momento.

O sol acabou de desaparecer no horizonte e o grupo começa a reunir-se. A dirigente faz uma oração inicial, à qual todos respondem. O hebraico impede-nos uma perceção do que está a ser dito, mas Shiran Siboni diz ser “um agradecimento pelo que Deus criou e por tudo o que temos à nossa disposição”.

Já com todos sentados em roda, no chão, as duas responsáveis do grupo começam a distribuir correspondência dos pais, que já tinham trazido consigo de Israel. Na era das redes sociais, é desconcertante ver adolescentes ávidos por abrir cartas e a emocionar-se com as mensagens escritas e as fotografias dos familiares.

É espantoso perceber como, o tocar fisicamente, uma fotografia ou ler uma carta escrita à mão, se torna muito mais envolvente e pessoal do que deslizar o dedo por um ecrã inerte. “É um momento em que nos recordamos da família que está longe, e em que também os familiares nos abençoam para sermos fiéis aos antepassados”, diz a responsável do grupo quando um dos rapazes avança para o meio do grupo e profere uma oração sobre duas chalot, dois pequenos pães.

O jovem coloca sal no pão. “o sal preserva, e é um símbolo da eternidade”, diz-nos a responsável do grupo.
A celebração continua com cânticos tradicionais, que atraem os Pioneiros acampados nos socalcos mais elevados.
Já todos conhecem este grupo e os israelitas não poupam nos elogios aos portugueses.
A prova da amizade são os lenços do Corpo Nacional de Escutas que já estão no pescoço de grande parte destes escuteiros de Israel.

Texto de: Henrique Matos. Fotografia de: Nuno Perestrelo.

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